Em setembro de 2022, quando iniciaram a cobertura da VTEX, os analistas do Itaú BBA destacaram uma visão positiva no longo prazo para a companhia de plataformas para o e-commerce, classificada como uma “empresa de classe mundial”, com “fundadores visionários”, boa capacidade de execução e um modelo de negócios comprovado.
Na contramão dessa perspectiva otimista, no entanto, o banco frisou na época que as ações da companhia, listada na Bolsa de Nova York, ainda careciam de um cenário macro mais favorável. E que, no curto prazo, ainda estava “apontando os lápis” para o ativo.
“Isso está mudando hoje”, escreveram os analistas do Itaú BBA em relatório divulgado nesta quarta-feira, 10 de maio. A frase vem acompanhada da elevação da classificação da VTEX de neutro para outperform (acima da média de mercado) e do preço-alvo da ação, de US$ 4,2 para US$ 6.
“A fotografia do primeiro trimestre de 2023 e o guidance para o segundo trimestre sugerem que o pior já pode ter passado para a VTEX”, escreveram os analistas Thiago Alves Kapulskis, Cristian Faria e Gabriela Moraes.
Nesse quadro, um dos pontos que ilustram a mudança na avaliação da empresa foi o crescimento de 21,7% no volume bruto de mercadorias (GMV), para US$ 3,3 bilhões, entre janeiro e março. Impulsionado, principalmente, pelas operações junto a novos clientes da base.
Outra linha em destaque foi a de assinaturas, que encerrou o trimestre com US$ 39,8 milhões, alta de 22% sobre igual período, um ano antes. Ao mesmo tempo, o modelo alcançou uma participação de 94% sobre a receita total da VTEX.
“A margem bruta de assinaturas ficou em 73,9%, acima da nossa expectativa, impulsionada por eficiências de custos operacionais de hospedagem, otimização de custos de suporte e uma redução de 24%, ano contra ano no quadro de funcionários”, afirmaram os analistas.
O trio também ressaltou o salto de 22% na receita da operação, para US$ 42,3 milhões, acima das suas estimativas. E afirmou que a projeção de uma receita entre US$ 45 milhões e US$ 45,8 milhões no segundo trimestre indica uma tendência de crescimento sustentável. Assim como a revisão do guidance para o ano consolidado, na faixa de 16% a 19%, contra a estimativa anterior de 15% a 19%.
Mesmo sob esse viés mais favorável e dos sinais de estabilização na operação, o time do Itaú BBA observou alguns pontos de atenção no horizonte da VTEX. Especialmente em um cenário macro com a manutenção das taxas de juros elevadas e uma maior desaceleração do comércio eletrônico.
Os analistas apontam que a “assimetria parece grande demais para ser ignorada”, dado que, com um valor de mercado atual na faixa de apenas US$ 700 milhões, a VTEX está sendo negociada a um preço/lucro de 21x para 2024. Isso para uma empresa cujo crescimento pode estar atingindo 20%, ano contra ano, em dólares.
“Resumindo, adicionar a VTEX a um portfólio nesses termos é uma proposta de risco-recompensa que aceitaríamos e preferimos chegar cedo demais do que tarde demais”, complementaram os analistas.
As ações da VTEX estavam sendo negociadas com alta de 2,22%, a US$ 3,68, por volta das 11h30 (horário local) na Bolsa de Nova York. No ano, os papéis acumulam um recuo de 1,8%. A empresa está avaliada em US$ 706,1 milhões.