A expectativa de que a compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB) colocaria fim aos riscos trazidos pela instituição de Daniel Vorcaro caiu por terra nesta quarta-feira, 3 de setembro, após o Banco Central (BC) rejeitar a operação.

Em fato relevante, o banco estatal de Brasília informou apenas que a autoridade monetária indeferiu a operação, que envolvia a aquisição de 49% das ações ordinárias e 100% das ações preferenciais do Master por R$ 2 bilhões.

O documento não informa os motivos da decisão, com o BRB dizendo que “apresentou solicitação de acesso à íntegra da decisão, com o objetivo de avaliar seus fundamentos e examinar as alternativas cabíveis”.

Procurado, o Master disse que aguarda ter acesso à íntegra do documento para avaliar “seus fundamentos e examinar as alternativas cabíveis”. “O banco continua confiante em sua estratégia e em sua operação, que fizeram com que se destacasse num mercado altamente concentrado”, complementou.

A operação, anunciada em março, vinha passando por uma série de alterações, com o escopo sendo reduzido a pedido do BC, que vinha demonstrando reticências, apesar da anuência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da aprovação da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Em agosto, o BRB informou que o tamanho do negócio foi reduzido para R$ 24 bilhões, após a exclusão de aproximadamente R$ 51,2 bilhões em ativos e passivos.

Apesar disso, alguns integrantes do BC não se mostraram convencidos de que a operação resolveria os problemas do Master. Segundo apuração do jornal O Globo, mesmo com a redução do escopo da transação, a autoridade monetária demonstrava preocupações com a sucessão de CDBs emitidos pelo banco. A avaliação é de que o acordo não trazia uma “solução global” para o Master.

Relatos apontam que o diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do BC, Renato Gomes, responsável por recomendar a aprovação ou não, resistia à operação. Inclusive, a decisão de lideranças do Centrão de acelerar a aprovação de um projeto que permite à Câmara dos Deputados demitir diretores do BC foi vista como uma forma de pressionar pela aprovação.

A questão agora é como fica o Master, que vinha demonstrando dificuldades financeiras. O banco cresceu de forma acelerada nos últimos anos, apoiado em operações arriscadas, como compra de precatórios e M&As de ativos em dificuldades, ao mesmo tempo em que emitiu CDBs que ofereciam rentabilidades superiores às de seus pares.

Com a decisão, o Master precisará apresentar uma nova proposta para afastar a possibilidade de uma intervenção do BC. Em julho, a colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, apurou que a medida vinha sendo defendida por alguns diretores do BC, com uma minuta do ato já pronta.

A expectativa, por enquanto, é de que as partes recorram.