Enquanto trabalha para reestruturar suas operações e recuperar sua credibilidade no mercado, o Credit Suisse vai tendo que encarar as consequências dos escândalos relacionados às perdas bilionárias com o family office Archegos Capital Management e com a gestora de ativos britânica Greensill Capital. 

Nesta quarta-feira, 23 de novembro, o segundo maior banco da Suíça em termos de ativos, informou que deve registrar um prejuízo de 1,5 bilhão de francos suíços (US$ 1,6 bilhão) no quarto trimestre deste ano. O motivo: muitos clientes de alta renda estão deixando a instituição. 

O Credit Suisse registrou nas duas primeiras semanas de outubro um fluxo de saída de recursos acima do visto no terceiro trimestre inteiro. Entre 30 de setembro e 11 de novembro, deixaram a instituição o equivalente a 6% do total de ativos sob gestão, que somavam US$ 1,47 trilhão ao final do terceiro trimestre. 

Isto significa que cerca de US$ 88,3 bilhões deixaram os cofres do Credit Suisse. A saída foi puxada pelos clientes de alta renda, da área de wealth management, que registrou uma saída de US$ 66,7 bilhões no período. 

Segundo o banco, ainda que tenha conseguido desacelerar este movimento, a velocidade desta saída fez com que a liquidez do banco caísse abaixo de certos requisitos regulatórios. No entanto, o Credit Suisse destacou que a liquidez do grupo não foi comprometida. 

A saída em massa de clientes de alta renda mostra que o Credit Suisse tem um longo caminho a percorrer para recuperar a confiança do mercado, com o seu principal negócio sofrendo com as consequências dos riscos tomados pela área de banco de investimentos. 

Para isso, o banco apresentou, no fim de outubro, um plano para tornar a operação mais leve e reduzir sua exposição a operações arriscadas. 

Um dos temas centrais deste plano avançou nesta quarta-feira. Os acionistas aprovaram o aumento de capital de 4 bilhões de francos suíços (US$ 4,2 bilhões) via emissão de novas ações. A operação é considerada essencial para que o Credit Suisse se adeque a obrigações regulatórias de liquidez. 

Uma das consequências do aumento de capital é que o Banco Nacional da Arábia Saudita (SNB, na sigla em inglês) alcançará uma participação de 9,9% no capital social. O banco, ligado ao governo saudita, se comprometeu a adquirir 1,5 bilhão de francos suíços (US$ 1,6 bilhão) em ações. 

Outro ponto do plano de reestruturação envolve mudanças estruturais na parte de banco de investimentos. Os negócios de consultoria e mercados de capitais serão transferidos para uma nova empresa, chamada CS First Boston. 

O Credit Suisse também fechou a venda de uma parte da unidade de produtos securitizados, que pesou sobre seus indicadores de capital, para a Apollo Global Management. 

Por volta das 13h11, as ações do Credit Suisse registravam queda de 5,11% na Bolsa de Zurique, a 3,65 francos suíços. No ano, elas acumulam baixa de 58,8%, levando o valor de mercado para 9,57 bilhões de francos suíços (US$ 10,1 bilhões).