Provocado pelo avanço acelerado da tecnologia, e também pelo advento das fintechs, o Itaú Unibanco vem ao longo dos anos implementando um processo de transformação estrutural para se adaptar ao novo momento.

Uma das iniciativas tem sido a migração dos sistemas do banco para a nuvem, com o objetivo de dar ao banco mais agilidade para processar dados, o que permitirá fornecer novas funcionalidades e serviços aos clientes.

Com esta frente bastante avançada, em que mais de 50% das plataformas de todo o banco foram modernizadas e agora estão rodando na nuvem, a instituição começa a olhar para a “bola da vez” do mundo da tecnologia, a Inteligência Artificial (IA), buscando entender como será este novo ciclo para o Itaú e para o sistema financeiro.

“A IA ainda está em baby stage e a nossa visão é que ela pode ser muito mais transformacional do que foram os outros ciclos de mudanças tecnológicas”, disse Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú Unibanco, nesta quinta-feira, 9 de novembro, no evento Macro Vision 2023.

Segundo ele, o banco já vem trabalhando internamente no assunto, com uma equipe de cientistas de dados com mais de 300 funcionários totalmente dedicada para entender como aplicar os conceitos da IA nos processos do banco, com os primeiros resultados e conclusões ainda por vir. “Nossa crença é que, em IA, temos que estar na vanguarda”, afirmou Maluhy.

Esta visão quanto à tecnologia vem num momento em que o banco busca se adaptar às novas necessidades dos clientes, diante do novo cenário competitivo e com a chegada de novos produtos financeiros, mas ela não é nova.

Segundo Roberto Setubal, copresidente do conselho de administração do Itaú Unibanco, os bancos sempre estiveram sujeitos aos efeitos das transformações tecnológicas, considerando que eles não são manufaturas de produtos físicos, mas lidam com dados e informações. “Por isso, é fácil introduzir novas tecnologias”, afirmou.

No caso do processamento em nuvem e da digitalização de serviços, Setubal afirmou que eles acabaram com dois importantes aspectos dos bancos incumbentes, que serviam de barreira de entrada para novos competidores.

Primeiro, reduziu a necessidade de se ter uma ampla rede de agências pelo País, uma vez que a atual tecnologia permite uma interação mais rápida e ágil com as instituições financeiras.

E, segundo, permitiu ampliar a concessão de crédito, uma vez que o processo não depende mais do gerente conhecer pessoalmente o cliente, com os dados sendo o fator fundamental para a decisão.

“A evolução da tecnologia vai baixando os custos”, disse Setubal. “O custo unitário de cada transação é muito menor que há dez anos.”

Para ele, mesmo com o fechamento de agências, o Itaú é muito maior que há 20 anos e 30 anos, graças à tecnologia, que permitiu ao banco ampliar sua atuação. “A quantidade de produtos e serviços é muito maior. A tecnologia não reduz funcionários, mas fortalece outros serviços, trazendo pessoas”, afirmou.

Por volta das 13h33, as ações preferenciais do Itaú subiam 0,89%, a R$ 29,37. No ano, elas acumulam alta de 17,5%, levando o valor de mercado a R$ 263,5 bilhões.