Em outubro de 2021, o Conselho de Administração do Nubank aprovou um programa de remuneração em ações para David Vélez, cofundador e CEO da companhia. Batizado de Plano de Ações Contingentes, o formato incluía prêmios de incentivo de longo prazo, atrelados ao desempenho dos papéis da empresa.
Já em maio deste ano, o pacote foi um dos pontos de uma polêmica envolvendo os valores que, segundo documentos protocolados na Comissão de Valores Mobiliários (CMV) e na Securities and Exchange Commission (SEC), a empresa previa pagar a Vélez e a outros sete membros da sua diretoria em 2022.
Na noite desta terça-feira, 29 de novembro, pouco mais de um ano após a aprovação do programa, o Nubank informou em fato relevante que Vélez decidiu, de forma unilateral, rescindir o Plano de Ações Contingentes de 2021, com a concordância da companhia.
Segundo o documento, a decisão de abrir mão do pacote levou em questão diversos fatores, entre eles, a eficiência. Com a rescisão, o Nubank não precisará mais reconhecer as despesas baseadas em ações relacionadas ao empresário.
“Espera-se que isso traga economias no valor agregado de US$ 356 milhões nos sete anos seguintes à data de rescisão e contribua para o forte foco da companhia na eficiência, associada ao ambiente macroeconômico em andamento”, ressaltou a empresa, no comunicado.
De acordo com o Nubank, na época de sua formatação, o valor justo do plano de remuneração foi estimado em US$ 423 milhões. Em linha com as normas contábeis, o valor deveria ser reconhecido pela companhia como despesas de remuneração baseada em ações, dentro de um cronograma que se estenderia até 2029.
Mas será que Vélez iria conseguir cumprir a meta para conseguir receber essa bolada? O plano anunciado em outubro de 2021 estabelecia que Vélez seria remunerado com a emissão de um número de ações ordinárias Classe A igual a 1% do volume total de ações ordinárias em emissão da empresa, caso o preço por ação alcançasse o patamar de US$ 18,69, mas inferior a US$ 35,30.
O pacote também definia que ele teria direito a um número de ações ordinárias Classe A igual a 1% do volume total de ações ordinárias em emissão do Nubank, caso o preço por ação da operação fosse igual ou superior a US$ 35,30.
Agora, a companhia informou que a rescisão resultará em um reconhecimento único e não monetário de despesas no valor total de US$ 356 milhões no balanço do quarto trimestre de 2022, em linha com as normas contábeis IFRS2.
O Nubank acrescentou que, após esse reconhecimento único, não contabilizará mais nenhuma despesa associada ao plano em questão.
Além de frisar que Vélez não recebeu nenhum pagamento ou compensação pela rescisão do plano, o Nubank observou que esse movimento evitará a potencial diluição dos acionistas da companhia em valor equivalente a até 2% do número total de ações ordinárias em emissão.
A empresa destacou ainda que Vélez reforçou seu compromisso de longo prazo com a operação e a confiança de que sua participação, equivalente a mais de 20% do capital social, é “suficiente para alinhar seu interesse com o dos acionistas no atual ambiente”.
“Nesse sentido, o Sr. Vélez comunicou ao Conselho de Administração da Companhia e ao Comitê de Desenvolvimento de Liderança, Diversidade e Remuneração que declina qualquer nova remuneração em 2022 ou 2023, seja sob a forma de prêmios de incentivo de ações de longo prazo, baseados em desempenho ou de qualquer outra forma”, acrescentou a companhia.
Em outro comunicado sobre o anúncio, Vélez também comentou o passo tomado. “Minha decisão é motivada em grande parte pela mudança no cenário macroeconômico desde que o acordo foi estabelecido em 2021", afirmou. "Estou totalmente confiante de que atingiremos nossas metas de longo prazo, e minha decisão serve para apoiar nossos esforços imediatos de eficiência e prontidão em toda a empresa.”
As ações do Nubank encerraram o pregão dessa terça-feira na Bolsa de Nova York com ligeira alta de 0,95%, cotadas a US$ 4,26. No ano, os papéis acumulam uma desvalorização superior a 54%. A empresa está avaliada em US$ 19,9 bilhões.