A criação do Ozempic e do Wegovy fez com que a Novo Nordisk ocupasse, por muito tempo, a posição de empresa mais valiosa da Europa. Mas a farmacêutica dinamarquesa perdeu nesta segunda-feira, 24 de março, esse título, em um momento em que o Velho Continente volta a chamar a atenção dos investidores globais.
O primeiro lugar passou a ser ocupado pela SAP, após as ações da companhia de softwares alemã fecharem em alta de 1,4%, levando o valor de mercado a € 313 bilhões.
A Novo Nordisk viu seu market cap alcançar 2,3 trilhões de coroas dinamarquesas (€ 310,5 bilhões) com a queda de 1,34% dos papéis negociados na Bolsa de Valores de Copenhagen.
O movimento de alta da SAP não é recente. Em 12 meses, as ações da empresa acumulam alta de 60,4%, com os investidores vendo com bons olhos os investimentos da companhia na parte de computação em nuvem, em linha com o entusiasmo global com o tema da inteligência artificial (IA).
Com este desempenho, a SAP assumiu a posição de empresa de tecnologia mais valiosa da Europa no ano passado, superando a fabricante de semicondutores holandesa ASML, avaliada atualmente em € 270 bilhões.
A alta também ocorre no momento em que os mercados europeus têm sido um destino para investidores preocupados com o momento dos Estados Unidos. Nos últimos anos, as bolsas e os ativos americanos vinham puxando o fluxo dos investimentos por conta do tema da IA e a força da economia, com o adendo dos juros em queda.
Os investidores também estão de olho nos aumentos dos gastos governamentais para estimular a indústria de defesa da região, em meio a sinais de que a aliança com os Estados Unidos não é mais a mesma do passado.
Desde a volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, o S&P 500 recuou 6,3%. O DAX, principal índice da Bolsa de Frankfurt, sobe quase 9%, enquanto o índice Stoxx Europe – que monitora 600 empresas em 17 países europeus – avança quase 5%.
A Novo Nordisk, por sua vez, perdeu quase metade de seu valor de mercado desde a metade de 2024 por conta das dúvidas sobre se será capaz de apresentar um medicamento com aceitação tão estrondosa quanto as drogas de emagrecimento que viraram febre pelo mundo, um mercado que deve somar US$ 200 bilhões até 2031.
E não faltam companhias de olho no lucrativo filão de remédios para emagrecimento. Um relatório divulgado, no ano passado, pelas empresas americanas de dados Morningstar e Pitchbook projeta que o mercado de tratamentos para perda de peso vai ganhar 16 novos medicamentos até 2029.
As perspectivas da SAP, por sua vez, se mostram muito mais promissoras. Analistas consultados pelo Financial Times projetam um aumento de 29% na receita oriunda dos serviços de computação em nuvem neste ano. A receita consolidada deve aumentar 13%, para € 38,5 bilhões.