O fundador da Oncoclínicas, Bruno Ferrari, deverá deixar o cargo de CEO da companhia após a conclusão do aumento de capital do grupo de tratamento oncológico. Segundo apuração do NeoFeed, a decisão foi acordada entre os principais acionistas, que já teriam definido seu substituto.

Os principais acionistas da Oncoclínicas são o fundo Centaurus, que tem 37% do capital, o Banco Master, com 15% e a Latache, com 14%, além do próprio Ferrari, com 8,41% das ações.

A saída de Ferrari foi uma das condicionantes da proposta feita pela gestora Starboard, antecipada com exclusividade pelo NeoFeed. A oferta previa até R$ 850 milhões para a compra de debêntures conversíveis em ações, além de um aporte adicional de até R$ 200 milhões.

A proposta, no entanto, deverá ser recusada, como antecipado pelo jornal Valor e confirmado pelo NeoFeed.

Os detalhes do aumento de capital deverão ser definidos nos próximos dias, com o anúncio coincidindo com a recusa formal à proposta da Starboard. A expectativa é que, após a capitalização, a relação entre dívida líquida e Ebitda da Oncoclínicas caia de 4,4 vezes para cerca de 3 vezes, com a injeção de novos recursos e a conversão de parte da dívida.

Com isso, a empresa ficaria livre do covenant das debêntures, que prevê pagamento antecipado caso o nível de endividamento esteja superior a 3,5 vezes seu Ebitda.

A saída de Ferrari deve marcar o início de uma nova fase de reestruturação na companhia, com foco na redução do endividamento e na contenção da queima de caixa. Parte desse plano já está em curso, com a venda de dois hospitais que operavam com Ebitda negativo - o Hospital UMC, em Uberlândia (MG), foi negociado com o fundador Alexandre de Menezes Rodrigues e o Hospital de Oncologia do Méier, no Rio de Janeiro, com a Hapvida.

Nessas transações, a Oncoclínicas ficou com o direito de explorar a prestação de serviços de oncologia com exclusividade, sem a necessidade de novos investimentos. A companhia também está em negociações avançadas para a venda de um terceiro hospital em situação semelhante.

Paralelamente, a empresa está em tratativas para interromper três contratos de built to suit, localizados em São Paulo, Belo Horizonte e Goiânia.

O sonho grande na Arábia Saudita também foi interrompido, com a empresa deixando de gastar na região R$ 50 milhões que estavam previstos para os próximos meses.

“O que está sendo negociado na Arábia Saudita agora é o valor da venda. A companhia não vai mais colocar dinheiro lá”, disse uma fonte próxima ao assunto.

O valor de mercado da Oncoclínicas na B3 é de R$ 2 bilhões.