Os resultados do Pão de Açúcar mostraram duas realidades aos investidores. De um lado, o Assaí indicou que segue como o principal motor de crescimento da rede varejista controlada pelo Casino. De outro, o multivarejo, que reúne as operações de supermercado e hipermercado, apresentou dados decepcionantes.
E a face ruim do balanço do Pão de Açúcar foi o que prevaleceu na visão dos investidores. Por volta das 13h30, os papéis da companhia caíam mais de 7%, liderando as perdas do iBovespa, o principal indicador de ações da B3.
Durante teleconferência com analistas, nesta quinta-feira, 20 de fevereiro, o CEO de multivarejo do grupo Pão de Açúcar (GPA), Jorge Faiçal, disse que a operação teve uma “situação bastante desafiadora e com muito investimento em competitividade, especialmente no último trimestre”.
Em relatório, os analistas Victor Saragiotto e Pedro Pinto, do Credit Suisse, escreveram que “o multivarejo continua a derrubar a performance da companhia, desde que a margem Ebitda caiu 2,6 pontos percentuais para 2,8%”.
O GPA apresentou uma série de iniciativas cujo objetivo é melhorar o desempenho do multivarejo. Uma das principais medidas é a revisão do portfólio de lojas do Extra Hiper. Segundo o plano, 20 lojas devem ser convertidas para o Assaí e 10 devem ser vendidas. A bandeira deve ficar com 80 lojas, que são consideradas a de alto desempenho.
O Minuto Pão de Açúcar também terá uma expansão de 20 a 30 lojas em 2020. E a bandeira Pão de Açúcar terá 20 lojas convertidas para o novo formato. “As lojas reformadas têm um desempenho de venda 7% superior as não reformadas”, disse Faiçal. Neste ano, o plano é também terminar a conversão das unidades Extra para Mercado Extra.
“Embora vejamos uma tendência melhor para a empresa em 2020, se beneficiando da conversão de lojas de hipermercado no formato de dinheiro e transporte, fechamento de lojas não rentáveis, bem como da expansão e reforma do Pão de Açúcar Lojas de açúcar, a recuperação deve ser apenas gradual nos fundamentos”, escreveram os analistas Luis Guanais e Gabriel Savi, do BTG Pactual.
Por outro lado, o Assaí mostrou sua força no grupo Pão de Açúcar. As vendas desse formato representam 51,3% do total em 2020, somando mais de R$ 30,4 bilhões. E a margem Ebitda dessa área somou 7%, bem superior a do GPA.
Nos próximos três anos, o plano é acelerar a expansão orgânica com a abertura de mais de 60 lojas. Além disso, deve herdar aproximadamente 20 lojas do Extra Hiper, que devem ser convertidas o formato de varejo de autosserviço – cinco delas neste primeiro semestre e outras cinco no segundo. O plano de Assaí chegar a um faturamento de R$ 50 bilhões em 2022.
“E queremos chegar a esse patamar, com a manutenção da rentabilidade e da margem, sendo sustentável, pois toda a nossa expansão tem sido feita pela geração de caixa própria”, afirmou Belmiro Gomes, CEO do Assaí.
Apesar do bom desempenho, a distância entre Assaí e Atacadão, do Carrefour, aumentou. Com a compra de 30 lojas da Makro, anunciada em 17 de fevereiro, por R$ 2 bilhões, a operação de atacarejo do Carrefour passou a faturar R$ 45 bilhões. Com o negócio, o Atacadão passou a ter 217 pontos no Brasil. O Assaí conta com 166 lojas.
A briga pelo atacarejo, ou varejo de autosserviço, tem um motivo: esse formato de vendas cresce numa velocidade de três a quatro vezes maior do que o varejo alimentar.
Em 2019, o lucro do GPA alcançou R$ 790 milhões, uma queda de 31% em comparação ao ano anterior. A receita avançou 15%, somando R$ 56,63 bilhões.