O chinês Bao Fan, fundador de um dos principais bancos de investimento do país, o China Renaissance, está desaparecido.

O anúncio oficial, feito pelo banco nesta sexta-feira, 17 de fevereiro, em um comunicado endereçado aos funcionários, ocorreu depois que as ações do China Renaissance caíram 50% na Bolsa de Valores de Hong Kong, logo após a abertura do pregão.

Na noite anterior, o banco de investimento já havia enviado um comunicado à Bolsa de Hong Kong informando que a instituição “não conseguiu entrar em contato com o senhor Bao Fan” e não estava ciente de que sua “indisponibilidade está ou pode estar relacionada aos negócios ou operações do grupo".

De acordo com a agência de notícias Caixin, citando fontes do banco, Bao não se comunica com a equipe há dois dias. O desaparecimento de Bao pode estar ligado a uma recente ofensiva do governo chinês contra bancos de investimento e empresas de tecnologia envolvidos em irregularidades financeiras.

Bao é um peso-pesado ligado aos dois setores. Ele fundou o China Renaissance em 2005, depois de passagens pelo Morgan Stanley e Credit Suisse, além de atuar como consultor nas bolsas de valores de Shenzhen e Xangai.

O China Renaissance realizou vários grandes negócios, incluindo o investimento da gigante da internet Tencent no site de comércio eletrônico JD.com. Participou das fusões entre a gigante Didi Chuxing, o Uber da China, e a empresa de entrega de alimentos Meituan-Dianping.

O banco esteve envolvido ainda do controverso IPO de US$ 4,4 bilhões da Didi na Bolsa de Nova York, em junho de 2021. O governo chinês era contra a operação e, na sequência, lançou uma ofensiva contra a Didi.

O desaparecimento de Bao pode estar relacionado a uma investigação do governo chinês contra o ex-CEO do China Renaissance, Cong Lin, que chegou a ser detido em setembro passado devido ao seu trabalho anterior, no banco estatal ICBC. Meses depois, o nome de Cong deixou ser listado como executivo do Renaissance no site do banco.

Bao é o último de uma longa lista de altos executivos e empresários desaparecidos repentinamente, sem justificativas, após desentendimentos com o governo chinês. Muitos eram envolvidos em investigações de corrupção, impostos ou outras más condutas.

Entre eles, o fundador do grupo Fosun, Guo Guangchang. Chamado de “Warren Buffet da China”, Guo desapareceu por vários dias em 2015.

Outro nome conhecido foi do empresário sino-canadense Xiao Jianhua, um dos mais ricos da China, que sumiu por alguns dias em 2017. No ano passado, Xiao foi preso por corrupção.

No final de 2020, o fundador do Alibaba, Jack Ma, também desapareceu por três meses, após fazer comentários críticos aos reguladores do mercado.

Ele deveria listar publicamente sua empresa de pagamentos digitais Ant Financial. O negócio não chegou a ser feito. No ano passado, Ma decidiu abrir mão do controle do Ant  Group, que administra o Ant Financial e o Alipay, o principal sistema de pagamento online da China.