Também conhecidos como “bets”, os sites de apostas online tiveram seu grande lance no País em 2023. Prova disso é o avanço recente dessas empresas na esfera dos patrocínios. Em especial, no campo do futebol, com valores muito acima da média, na casa das dezenas – ou centenas – de milhões de reais.
Esses recursos não estão apenas no radar dos clubes brasileiros. Mas também da União. No fim do ano passado, em mais uma medida para reforçar a arrecadação, o governo sancionou a lei que regula esse mercado. E que, entre outros pontos, estabelece uma alíquota de 12% sofre o faturamento das bets.
Em relatório divulgado nesta terça-feira, 9 de janeiro, a XP se debruça sobre o potencial desse segmento no País e seus possíveis impactos na arena do consumo. E, nessa análise, parte de números que ilustram bem o que está em jogo.
A projeção é de que o mercado de apostas online já movimenta mais de R$ 100 bilhões anualmente no Brasil. No ano passado, segundo o agregador de apostas BNL, citado no relatório, a previsão é de que esse indicador ficou entre R$ 100 bilhões e R$ 120 bilhões no período.
O levantamento também aponta para um faturamento total de R$ 13 bilhões das bets no País em 2023, alta de 71% sobre 2020. Esses montantes abrem, a princípio, um cenário favorável para essas empresas e, por consequência, para os cofres da União. Mas a XP faz uma ressalva nessa conta.
“Este aumento da tributação poderia tornar os gastos com apostas esportivas online marginalmente menos atrativos, especialmente para os usuários de baixa renda, e potencialmente liberar alguma renda para ser gasta em outras categorias”, escrevem os analistas Danniela Eiger e Gustavo Senday.
Além da alíquota de 12% imposta às companhias que atuam nesse espaço, a dupla ressalta a taxa de 15% que será cobrada dos apostadores sobre o prêmio líquido ganho nessas plataformas.
Nesse contexto, os analistas mencionam outro indicador relativo ao segmento: a estimativa de que os gastos mensais com essas plataformas estejam próximos de 20% do orçamento discricionário das famílias de baixa renda.
A XP também recorre a dados da plataforma Futuros Possíveis para traçar um perfil desses usuários. Segundo a pesquisa, 36% dos 1,6 mil entrevistados já apostaram online, sendo que o Nordeste foi a região mais mencionada entre aqueles que fazem isso com mais frequência.
Em relação aos valores, 80% disseram destinar até R$ 100 por aposta. Ao mesmo tempo, 58% dos usuários de baixa renda gastam menos de R$ 50, cifra em linha com outro estudo conduzido pela QualiBest, que traz uma média mensal de R$ 58.