O bitcoin consolidou o movimento de alta nos últimos meses e atingiu, na tarde de terça-feira, 5 de março, sua máxima histórica. A moeda virtual chegou a ser negociada por US$ 69,2 mil antes do preço recuar. No momento da publicação desta reportagem, o valor de cada unidade estava em torno de US$ 65 mil.
A disparada no valor do bitcoin e de outras moedas virtuais está relacionada com o investimento de gestoras como BlackRock e Fidelity no mercado de criptoativos. Em janeiro, a Securities and Exchange Commission (SEC), a comisão de valores mobiliários americana, aprovou a criação de um lote de 11 ETFs à vista de bitcoin nos Estados Unidos.
Os ETFs de bitcoin permitem que os investidores sejam expostos aos fundos negociados em bolsas de valores sem que eles precisem negociar diretamente um ativo em uma corretora.
Já havia a expectativa de que a SEC aprovaria o movimento. Nos últimos doze meses, o bitcoin chegou a triplicar de valor. Desde o começo do ano, a alta já é superior a 46%. Nesta terça, o valor superou o pico anterior que havia sido registrado em novembro de 2021, quando a moeda virtual custava mais de US$ 68,7 mil.
Mas, após atingir a máxima, o criptoativo opera em queda superior a 5%. Isso se deve ao fato de que alguns investidores estão liquidando o ativo. O movimento é considerado comum no mercado quando um novo recorde de valor é atingido.
De acordo com a CoinShares, empresa especializada em criptoativos, a aprovação dos ETFs fez com que mais de US$ 7,5 bilhões fossem investidos em criptoativos desde o dia 11 de janeiro. O site CoinMarketCap aponta que o valor de mercado da criptomoeda já supera US$ 1,2 trilhão.
O halving, previsto para o fim de abril, também vem impulsionando o preço nas últimas semanas. O processo, que diminui a recompensa pela mineração da moeda virtual, fará com que os mineradores ganhem 3,125 bitcoin por cada bloco minerado. Em 2009, a recompensa era de 50 unidades.
Há questões sobre o futuro do bitcoin como um ativo de investimento. Gestoras como a Hashdex e Ark Investment Management expressam otimismo. Cathie Wood, por exemplo, já estimou que a moeda será negociada por valores entre US$ 600 mil e US$ 1,5 milhão em 2030.
Há, porém quem ainda siga pessimista. Um dos maiores críticos do bitcoin, Jamie Dimon disse em janeiro, dias após a aprovação da SEC, que a moeda virtual era "uma pedra de estimação". Para o CEO do J.P. Morgan, o bitcoin "é uma moeda que não faz nada".
“O entusiasmo e o hype em torno dos ETFs foram muito além das expectativas de qualquer pessoa”, disse Jad Comair, fundador do investidor em ativos digitais Melanion Capital, ao Financial Times. “Não é algo espetacular apenas no preço. É uma mudança de paradigma.”