Não é de hoje que a BlackRock, maior gestora do mundo, com mais de US$ 10 trilhões sob sua administração, ressalta a bandeira do ESG como uma prioridade em sua tese de investimentos e na estratégia das empresas que compõem o seu portfólio.
Em 2024, porém, outro tema deve substituir essa sigla como o tema dominante na agenda da gestora americana comandada por Larry Fink. E, por consequência, nas orientações repassadas aos CEOs das empresas investidas pela companhia: a resiliência financeira.
Essa é a mensagem transmitida no relatório anual publicado pela BlackRock, com suas prioridades para o período. No documento, destacado em reportagem do jornal britânico Financial Times, a gestora fala sobre o impacto de tópicos como a inteligência artificial e a alta na taxa de juros.
“O cenário macroeconómico e geopolítico em que as empresas operam mudou. Esse novo regime econômico é moldado por forças estruturais poderosas que acreditamos que podem impulsionar desempenhos divergentes entre economias, setores e empresas”, ressaltou a BlackRock.
A gestora ressaltou outro foco a partir desse contexto: “Estamos particularmente interessados em aprender com as empresas investidas sobre como estão a adaptar-se para fortalecer a sua resiliência financeira.”
Em outro sinal de uma nova ordem nas prioridades da operação, a BlackRock retirou as referências a termos como “aquecimento global’, que tiveram grande destaque nos relatórios recentes divulgados pela companhia.
Parte dessa mudança tem como pano de fundo a crescente pressão que a gestora vem sofrendo de grupos de diferentes orientações ideológicas. Nesse caso, o consenso entre essas posições divergentes são as críticas justamente em relação à atuação da empresa no campo do ESG.
Em dezembro de 2023, por exemplo, o estado do Tennessee moveu um processo contra a BlackRock por uma suposta violação de leis de proteção ao consumidor, a partir do uso indevido de questões ligadas ao ESG em suas estratégias de investimento.
No mesmo mês, em uma ação impetrada por congressistas republicanos na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a gestora e sua rival State Street foram intimadas a enviarem documentos com mais detalhes sobre suas práticas na área.
“A BlackRock é o maior saco de pancadas porque é a maior gestora de ativos do mundo e o CEO Larry Fink tem falado muito sobre o uso de fatores ESG na tomada de decisões de investimento”, afirmou Greggory Warren, analista da Morningstar, ao Financial Times.
Segundo a Morningstar, como parte dos ativos sob o seu guarda-chuva, a BlackRock administra dois dos cinco maiores fundos ESG dos Estados Unidos e tem mais de US$ 48 bilhões de ativos ligados ao tema sob sua gestão.