Depois de um 2023 sem nenhum IPO e apenas 18 follow ons, o CEO da B3, Gilson Finkelsztain, espera um 2024 muito mais movimentado. É o que ele revela em entrevista exclusiva ao programa É Negócio, uma parceria entre NeoFeed e CNN Brasil. “A perspectiva parece bem mais positiva”, diz Finkelsztain.

Ele explica o que o faz ver a situação do mercado com mais otimismo. “A gente tem menos incertezas no horizonte. O cenário político aqui está muito mais calmo. Então a gente parece estar com uma calmaria que é condição necessária, mas não suficiente, para o mercado de capitais começar a decolar de novo.”

As empresas que deverão estrear na bolsa no ano de 2024, diz ele, devem ser “setores mais tradicionais e de porte maior”. São companhias de energia e de saneamento, empresas que já se prepararam e estão trabalhando nesse processo há bastante tempo. Em seguida virão outras companhias de maneira mais ampla.

Mesmo com os dois últimos dois anos fracos no mercado de ações, Finkelsztain tem uma visão positiva, sobretudo, quando olha os últimos cinco anos. “A gente fez várias mudanças estruturais no mercado, seja por reformas, seja por tecnologia, educação financeira, agentes autônomos, setor de distribuição”, afirma.

Indagado sobre o quão foi prejudicial para o mercado a entrada de companhias que abriram o capital, em 2021, e hoje são chamadas de empresas zumbis, pela baixa negociação e alta desvalorização, o comandante da B3 diz que “é sempre é ruim quando você tem empresas não preparadas para ir ao mercado e que se listam, porque a performance delas não atende a expectativa dos investidores.”

Mas pondera que o momento de 2021 era outro. “Teve um fenômeno importante ali, em 2021, que o mundo começou a falar muito de crescimento. E aí os parâmetros que os investidores usaram para fazer suas decisões de investimento estavam baseadas em crescimento e não em lucro”, afirma Finkelsztain.

Agora, para a bolsa subir e voltar a chamar a atenção dos investidores, o executivo diz que vai depender de “o governo fazer seu trabalho do lado fiscal”, o que vai fazer o juro real cair naturalmente. O Brasil, afirma, tem uma chance de ouro de trazer o investimento estrangeiro e não precisa fazer muito esforço para isso porque as empresas brasileiras estão relativamente baratas e tem menos problemas geopolíticos.

“Se a gente tiver perspectiva de crescimento, estabilidade política, disciplina fiscal, esse dinheiro vem. A gente realmente precisa virar esse jogo. Nos últimos anos, o investidor diminuiu suas posições em Brasil e a gente para retomar esse protagonismo”, diz Finkelsztain. Acompanhe o programa na íntegra abaixo: