O Silicon Valley Bank (SVB), que abalou o sistema financeiro mundial, tem se esforçado para tentar limpar sua imagem, depois de quebrar e quase jogar o setor bancário dos Estados Unidos no caos.

Conhecido por ser o banco das startups no Vale do Silício, o SVB está elevando os gastos com propaganda e marketing como parte de um esforço de “combater algumas das desinformações” a respeito da condição da instituição, disse o presidente da unidade de commercial banking do SVB, Marc Cadieux, em entrevista ao site The Information.

“Eu continuo vendo manchetes tratando o SVB como se fosse no passado”, disse ele. “Nós definitivamente estamos voltando a aparecer.”

O esforço de reformulação da imagem passa por patrocinar eventos na área de tecnologia, para mostrar que a instituição ainda é relevante para o segmento. A mais recente iniciativa aconteceu em junho, quando apoiou uma conferência para startups que atuam com inteligência artificial.

Também no mês passado, o SVB promoveu happy hours para clientes e nomes do mundo tech e patrocinou um encontro entre fundadores de empresas de cibersegurança. Durante o evento LA Tech Week, um dos grandes eventos de tecnologia dos Estados Unidos, também em junho, a diretora da área de startups, Sara Rona, foi uma das mediadoras de um painel de mulheres empreendedoras.

Não será fácil para o SVB limpar a sua barra. Seu colapso (segunda maior falência bancários nos Estados Unidos) provocou uma corrida bancária da ordem de US$ 42 bilhões num único dia, com milhares de clientes sacando desesperadamente seus recursos. A situação reverberou duramente ao longo de todo o sistema americano, resultando numa forte redução na concessão de crédito no país.

O banco também está bem diferente do que era antes. Ele foi comprado pelo First Citizens Bank, um dos maiores bancos regionais dos Estados Unidos, no final de março, duas semanas após quebrar e sofrer intervenção. Em maio, o novo controlador promoveu a demissão de cerca de 500 funcionários.

Nomes como HSBC, J.P. Morgan Chase e Moelis atraíram diversos funcionários e mandatos de venture debt. Mudanças promovidas na parte de atacado tiveram impacto sobre os principais executivos, com a divisão de investment banking sendo colocada à venda.

O banco das startups está de volta?

Mesmo após ver sua imagem trincada perante o mercado, o SVB acredita que pode continuar sendo o banco das startups, aproveitando o momento de liquidez em baixa no mercado.

“Considerando onde estamos no ciclo [de liquidez] e que o acesso a capital está menor à medida que vai ocorrendo essa revisão dos valuations, esse é um período particularmente importante para estarmos disponíveis aos clientes da economia inovadora, e especialmente àqueles que ainda estão no estágio pré-lucro, que dependem de acesso a capital”, afirmou Cadieux.

Recentemente, o SVB fechou um acordo para disponibilizar US$ 200 milhões para a Pivot Energy, companhia de geração distribuída de energia elétrica. Ele também concedeu US$ 100 milhões para a 6sense, que desenvolveu uma plataforma de soluções de inteligência preditiva, e US$ 50 milhões para a fintech Achieve.

Ao mesmo tempo em que quer voltar a ser visto como uma instituição confiável, o SVB também está processando o Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), órgão do governo americano responsável por garantir os depósitos bancários. O objetivo é recuperar US$ 1,9 bilhão em recursos que o regulador mantém desde que teve de intervir no banco.