A provedora de data centers Odata fechou um financiamento verde de US$ 1,02 bilhão com um consórcio de instituições financeiras, visando ao aumento da demanda por infraestrutura para serviços de computação em nuvem e inteligência artificial na América Latina.

O aporte, anunciado pela companhia nesta quinta-feira, 4 de setembro, será destinado à construção e expansão de data centers em mercados-chaves da região e representa um reforço importante para a empresa cumprir o plano de investir R$ 26 bilhões em infraestrutura até o fim de 2026.

“No começo do cloud computing, eram contratos de 8 megawatts (MW), 10 MW, mas hoje vemos negociações começando em 36 MW, 48 MW, com algumas chegando a 200 MW, diante do aumento da demanda”, diz Rafael Bomeny, CFO da Odata, ao NeoFeed. “É uma mudança de escala da indústria, que vemos no mercado americano e começamos a observar no Brasil.”

O financiamento foi concedido por um consórcio de instituições financeiras. Entre elas, Apterra, BNP Paribas, Crédit Agricole CIB, Deutsche Bank, MUFG Bank, Natixis Corporate and Investment Banking, Nomura, Société Générale e SMBC. Os termos financeiros da operação não foram divulgados.

Com o aporte, a Odata alcança um total de US$ 2,25 bilhões em financiamentos contratados, recursos que, em parceria com os investimentos da acionista Aligned Data Centers, ajudarão a manter o ritmo de expansão.

Bomeny afirma que o financiamento pode ser utilizado na construção de novos data centers ou na ampliação de unidades existentes, apoiando o crescimento da companhia em seus principais mercados, como Brasil, México, Chile e Colômbia.

O empréstimo exige o cumprimento de requisitos ligados à agenda ambiental, como eficiência energética, uso de energia renovável e técnicas de construção sustentável — práticas já adotadas pela Odata. “Na parte do uso de energias renováveis, por exemplo, temos muito conforto, porque somos pioneiros na solução de autoprodução com fontes renováveis”, diz Bomeny.

A companhia, criada pelo Patria Investimentos em 2015 e vendida à Aligned em 2022, possui 12 data centers em operação, que totalizarão 210 MW instalados até o fim de 2025, considerando obras de expansão. A expectativa é alcançar, em 2026, capacidade instalada próxima de 500 MW. Considerando todos os projetos — alguns em estágios iniciais e outros mais avançados — a Odata poderá oferecer até 2,5 gigawatts aos clientes no longo prazo.

Somente neste ano, a empresa inaugurou dois data centers no México e um no Brasil, em Osasco, região metropolitana de São Paulo. A Odata está construindo dois novos centros na Colômbia e pretende iniciar em breve mais um em São Paulo.

O empréstimo obtido pela Odata ocorre num momento em que a América Latina vivencia um crescimento acelerado de investimentos em data centers, com empresas buscando recursos para atender à demanda regional.

A Scala Data Center captou R$ 1,4 bilhão, em julho, para avançar no Chile. A Elea Data Centers seguiu caminho semelhante ao da Odata e concluiu, na segunda-feira, 1º de setembro, uma emissão de R$ 790 milhões em debêntures sustentáveis para investir em nove data centers no Brasil.

Uma pesquisa da consultoria imobiliária CBRE estima que a região encerre o ano com 1,2 gigawatt (GW) de estoque total — um aumento de 340 megawatts (MW) em relação ao início do ano, representando a segunda maior entrega da série histórica da CBRE, atrás apenas de 2021.

Bomeny destaca o potencial do País para se tornar um polo de data centers, graças ao baixo custo de energia e à oferta de matrizes renováveis. No curto prazo, porém, a indefinição sobre o lançamento da Medida Provisória para estimular o setor de data centers freia alguns investimentos, vistos como catalisadores do setor.

Essa situação favorece ainda mais o México, que já se beneficia da proximidade com os Estados Unidos,  lar das big techs, principais clientes dos serviços de data center. “Para temas mais sensíveis, do ponto de vista de localização, temos visto maior facilidade dos clientes finais aceitarem o México do que o Brasil”, diz Bomeny.