Foi com M&As e hubs instalados em grandes cidades, conectados a unidades em municípios menores, boa parte deles no interior e fora do roteiro dos rivais, que o Grupo Sabin se consolidou como a terceira maior companhia de medicina diagnóstica do País – a único não listada na B3.

Com esse caminho alternativo, a empresa chegou a um total de 358 unidades, em 78 cidades, além de mais de 7 milhões de clientes e um faturamento de R$ 1,75 bilhão em 2024. E, ao comer pelas beiradas, vem ganhando terreno na disputa com a Dasa e o grupo, agora, resultante da fusão entre o Fleury e o Hermes Pardini.

Para 2025, o Sabin projeta um investimento de R$ 80 milhões, um volume 33,3% superior ao que foi aportado no ano passado. E, inspirado nessa trajetória recente, também está buscando "atalhos" para driblar a perspectiva de um cenário macroeconômico mais adverso e dar sequência à sua expansão.

“Somos o terceiro maior grupo, mas o degrau está mais alto”, diz Lídia Abdalla, CEO do Grupo Sabin, citando a fusão recente entre Fleury e Pardini. “Mas ocupamos mercados onde a concorrência não é tão grande e essa capilaridade nos dá a oportunidade de chegar a regiões que são um oceano azul.”

Com a projeção de um crescimento em torno de 12% para este ano, o que colocaria a companhia próxima de uma receita bruta de R$ 2 bilhões, boa parte do investimento projetado em 2025 está centrada no negócio core do Sabin, as análises clínicas, que respondem por 87% do seu faturamento.

Nessa direção, a meta da empresa é expandir sua base com 20 novas unidades, contra as 15 aberturas realizadas em 2024. A tese seguirá, em boa medida, o modelo de expansão no entorno de hubs regionais já consolidados pela companhia.

Esse novo mapa deve incluir regiões como o interior do Mato Grosso e o interior de São Paulo, com unidades no Vale do Paraíba e nas proximidades de municípios como Ribeirão Preto e Franca. Além do Nordeste, em estados como Piauí e Bahia.

É em Brasília, porém, onde o Sabin foi fundado, em 1984, que o grupo vai testar um novo formato como um possível atalho para acelerar sua expansão. A capital federal será a sede da primeira unidade com atendimento 100% digital da companhia, com previsão de abertura até o fim do primeiro semestre.

Todos os processos, com exceção, claro, das coletas de exames, serão realizados via aplicativo, site e totens de autoatendimento. A unidade será instalada em uma área de 90 metros quadrados, contra a média de 200 a 300 metros quadrados do formato tradicionalmente adotado pela empresa.

Com o projeto ainda no forno, o investimento projetado na iniciativa é de R$ 1,5 milhão, o que passa, principalmente, pelas tecnologias envolvidas. “Tirando esse aporte inicial na construção desse conceito, o volume de investimentos deverá ser bem menor do que numa unidade padrão”, diz Abdalla.

Além da redução do investimento, ela ressalta que esse formato abre caminho para oferecer maior rapidez e menos fricção no atendimento, ao eliminar o tempo gasto com os trâmites burocráticos no processo padrão. E, caso o conceito seja validado, a expectativa é levá-lo para outras praças.

“Hoje, não estamos em muitas regiões e bairros de uma cidade, por exemplo, porque eu não consigo justificar o retorno do investimento”, diz a CEO. “Mas com uma unidade dessas, mais enxuta, vamos poder oferecer também essa capilaridade.”

O Sabin também não descarta engatar uma segunda marcha na trilha do crescimento inorgânico. No fim de 2024, a empresa fechou uma joint venture com o Porto Dias, controlador do hospital homônimo em Belém (PA) para explorar negócios de análises clínicas, anatomia patológica, imagem e vacina no Pará.

Esse foi o primeiro acordo nesses moldes fechado pelo grupo, que, até então, buscava participações totais ou majoritárias em seus M&As. Com um contexto econômico atual mais restritivo para aquisições nesse formato, Abdalla diz que esse segundo modelo pode ganhar tração.

“Essa joint venture minimiza os riscos, pois eles são do estado, conhecem bem o mercado e, com isso, além de dividir investimento, ganhamos mais velocidade”, afirma a CEO. “Então, entendemos que, sim, essa pode ser uma nova via de crescimento.”

Já no que diz respeito aos M&As em seu modelo padrão - a empresa fez 32 aquisições entre 2012 e 2023 -, Abdalla ressalta que o Sabin não está de portas fechadas e que segue avaliando possíveis ativos. Aqui, porém, a maior probabilidade de eventuais acordos está em operações de menor porte.

Uma terceira via dos investimentos no ano passará pela área de tecnologia, com a renovação do parque de equipamentos e de software por trás 30 núcleos técnicos que sustentam as operações do grupo. É essa estrutura por trás, por exemplo, dos hubs regionais. E que permite que o Sabin mantenha o mesmo nível de serviço prestado nos grandes centros também em cidades menores.

“Hoje, esses hubs já realizam, em média, de 95% a 96% de todos os exames em cada região”, afirma Abdalla. “E esse investimento tem como foco aumentar a nossa capacidade produtiva em pelo menos 20% nos próximos dois anos.”