No último domingo, a Disney informou ao mercado que estava realizando uma troca no comando da empresa. No lugar de Bob Chapek, que estava no cargo desde 2020, a companhia passaria a ser comandada novamente por Bob Iger, que esteve neste mesmo cargo entre 2005 e 2020.

Ainda que o movimento tenha sido surpreendente, ele pode não ter causado tanto espanto dentro dos escritórios da Disney. De acordo com o Financial Times, Chapek passou os últimos meses lidando com a insatisfação de seu antecessor (e agora sucessor) e precisou enfrentar um motim de executivos sêniores que queriam sua saída.

No anúncio feito no domingo, a Disney não revelou os motivos da troca. A companhia apenas agradeceu publicamente a Chapek pela dedicação ao cargo e “pela condução da empresa nos desafios sem precedentes durante a pandemia”.

De acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, houve uma campanha secreta para derrubar Chapek. As primeiras conversas foram feitas durante o começo do segundo semestre deste ano, após o executivo perder a confiança de membros de sua equipe pelos resultados ruins atingidos em diferentes áreas do negócio.

Uma delas é a divisão de streaming. No dia 8 de novembro, a Disney reportou que havia registrado prejuízo de US$ 1,5 bilhão durante o terceiro trimestre no negócio. Três dias depois, Chapek anunciou que a companhia faria demissões, congelaria contratações e cortaria custos.

Outro personagem importante nesta história é o próprio Iger, que presidiu a companhia por 15 anos antes de passar o bastão em 2020. Quando deixou o cargo, Iger chegou a elogiar o novo CEO por sua gestão na divisão dos parques temáticos da companhia. A área de experiência de Chapek, no entanto, passou por problemas por conta da pandemia.

O problema é que Iger não teria gostado de como a Disney estava lidando com sua estratégia de produção criativa sob o comando de seu sucessor. A maior crítica estava relacionada aos gastos excessivos da companhia para competir no streaming, uma área que não vem dando lucro para o negócio.

A demissão de Chapek acontece menos de seis meses após o executivo renovar seu contato com a empresa – o que vai lhe garantir um pagamento significativo pela rescisão unilateral e antecipada. Antes de renovar o contrato, ele tinha direito a US$ 54 milhões em dinheiro e ações no caso de rescisão.

Já Iger, que está com 71 anos, volta para a comandar a empresa por mais um período. Desta vez, no entanto, de apenas dois anos. Em um memorando para funcionários no domingo, ele afirmou que sentiu "um pouco de espanto" por estar voltando ao dia a dia do negócio.

O mercado parece ter aprovado a mudança. Nesta segunda-feira, as ações da Disney chegaram a subir mais de 10% antes de recuarem. Por volta das 17 horas, os papéis estão sendo negociados com alta próxima de 6%. O valor de mercado atual da empresa de mídia é de US$ 173,2 bilhões.

A Disney vem enfrentando um 2022 complicado no mercado de ações. As ações da companhia na Nyse acumulam desvalorização de quase 38% desde o começo do ano e na última sexta-feira, 18 de novembro, atingiram seu valor mais baixo desde março de 2020.