O planejamento dos próximos passos operacionais da centenária Suzano começaram a ganhar contornos internacionais. Prestes a concluir o Projeto Cerrado, foco da companhia desde 2021, a maior produtora de celulose de eucalipto do mundo começa a olhar para o exterior.
“A Suzano vai se internacionalizar”, disse Walter Schalka, CEO da Suzano, durante encontro com jornalistas na terça-feira, 23 de janeiro, em São Paulo. “A questão é quando e como.”
Para dar esse passo, Schalka disse que duas questões precedentes fundamentais precisam ser cumpridas. A primeira é que a companhia tem de ter diferenciação competitiva. Ou seja, não vai entrar em mercados em que não possa se destacar em termos operacionais e financeiros.
A segunda é escala. Segundo sinalizou o CEO da Suzano, a empresa não vai investir para ter operações de pequeno porte.
“Sem essas duas coisas [diferenciação e escala], não vamos fazer nada”, disse o executivo. “O que não faremos é crescer internacionalmente por crescer.”
A única operação fabril que a Suzano tem fora do País fica na Finlândia. Localizada na cidade de Jyväskylä, distante 270 km de Helsinque, a unidade produz celulose microfibrilada, utilizada na produção têxtil, em parceria com a startup Spinnova. O investimento total nessa joint venture foi de 50 milhões de euros.
Essa, porém, é considerada uma operação menor e um "teste" para a companhia no mercado externo. Com receita líquida anual de mais de R$ 43 bilhões, a empresa conta com 11 plantas para a produção de celulose, papel e produtos para higiene no Brasil.
No encontro, Schalka não fez qualquer comentário sobre potenciais fusões ou aquisições para possibilitar essa internacionalização, mas em agosto do ano passado, a agência de notícias Bloomberg apurou que a Suzano avaliava uma potencial oferta pelo controle da produtora asiática de papéis de higiene Vinda.
Em documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na ocasião, a companhia afirmou que teve “contato com informações e pessoas envolvidas” com a Vinda, “sem nenhum documento vinculativo ou que gere qualquer obrigação ou compromisso para a companhia”.
Questionado sobre quais áreas dentro do mercado de celulose está olhando, assim como geografias, Schalka disse que não poderia dar mais detalhes. Mas destacou que a Suzano é “agnóstica” tanto com regiões, como áreas de negócios.
Os primeiros passos da Suzano para fora do País só devem ocorrer após a conclusão do Projeto Cerrado, nova fábrica de celulose que a companhia está terminando de construir em Ribas do Rio Pardo (MS). A expectativa é de as operações começarem até junho deste ano.
A expectativa é de que o empreendimento resulte na produção de 2,55 milhões de toneladas de celulose ao ano, ampliando a capacidade instalada da Suzano de 10,9 milhões de toneladas para 13,5 milhões de toneladas anuais. Os investimentos devem totalizar R$ 22,2 bilhões.
As ações da Suzano subiram 0,65% no pregão de terça, 23, aos R$ 52. No ano, o papel acumula queda de 6,5%, levando o valor de mercado a R$ 68,85 bilhões.