No momento em que investidores calibram suas expectativas para a Bolsa, com o otimismo caindo do segundo para o terceiro trimestre, os bancos tradicionais lideram entre os papéis preferidos do segmento de finanças.

A constatação é de uma pesquisa conduzida pelo Bank of America (BofA) com 34 investidores locais e estrangeiros, entre os dias 13 e 17 de outubro, período em que o Ibovespa acumulou alta de 1,1% – no ano, o principal índice da B3 sobe 19,9%.

A pesquisa revela que a proporção de gestores overweight em ações de bancos subiu para 50% no terceiro trimestre, acima dos 37% registrados no segundo trimestre. Por outro lado, bancos digitais e empresas financeiras não bancárias seguiram tendência oposta, com a proporção de gestores overweight caindo de 33% para 24%.

“Nossa pesquisa indica que os investidores estão menos otimistas em relação ao Ibovespa para os próximos 12 meses”, diz trecho do levantamento do BofA. “A preferência por bancos em relação a instituições não bancárias aumentou durante o trimestre, refletindo potencialmente um cenário macroeconômico mais incerto.”

Os principais escolhidos pelos gestores para lidar com esse cenário são BTG Pactual e Itaú. Mas ambos viram queda na proporção de gestores overweight – o banco de André Esteves recuou de 63% para 62%, enquanto a instituição liderada pelas famílias Setubal e Moreira Salles caiu de 60% para 56%.

Quem viu aumento na quantidade de investidores detendo seus papéis foi o Bradesco. A proporção dos que se mostram otimistas com a instituição da Cidade de Deus, que enfrentou duros percalços recentemente, passou de 33% para 44% do segundo para o terceiro trimestre.

O principal motivo para o otimismo é a evolução do ROE, segundo o BofA – a métrica de rentabilidade do Bradesco subiu 3,2 pontos percentuais no segundo trimestre, em base anual, para 14,6%.

O Banco do Brasil (BB) também registrou melhora, após o sell-off provocado pelos problemas enfrentados com sua carteira agro. A proporção de gestores overweight passou de 3% para 15%. Ainda assim, para 59% dos entrevistados, os resultados do terceiro trimestre devem ser os mais fracos entre os bancões.

Segundo o BofA, o banco estatal pode ver uma mudança na percepção dos investidores em caso de troca de governo. Cerca de 50% dos entrevistados dizem que investiriam no BB em caso de vitória da oposição nas eleições presidenciais de 2026, numa pergunta de múltiplas respostas.

Quem realmente se beneficiaria da saída do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a XP. É o que mostra a pesquisa, com 59% respondendo que a companhia fundada por Guilherme Benchimol é o nome que gostariam de ter nesse cenário.

A XP também é vista como a principal beneficiada com o início da queda dos juros, segundo 50% dos entrevistados, em pergunta também de múltiplas respostas. Em seguida aparecem BTG Pactual e B3, ambos com 38%.

Entre os neobancos, o Nubank está melhor posicionado, com a proporção de investidores overweight subindo de 40% para 44% entre o segundo e o terceiro trimestre, com 70% dos investidores vendo com bons olhos a chegada do roxinho ao México.