Um banco “old school”, mas que tem feito a sua lição de casa. E que, agora, a partir dessa jornada, tem boas perspectivas para competir com os novos players que vêm avançando no mercado, em especial, os bancos digitais.

É com essa visão que o Bank of America (BofA) está iniciando a cobertura do Banco Pan, com recomendação de compra e um preço-alvo de R$ 11 para a ação, o que implica em uma valorização de 40% sobre a cotação atual do papel.

“O Banco Pan passou por uma mudança significativa de estratégia, combinando suas comprovadas habilidades de originação de crédito e seu mercado sofisticado em uma plataforma, e transformando-se em um banco totalmente digital”, aponta um trecho do relatório.

Como parte dessa virada, o BofA ressalta que, de uma operação vista no mercado como monoproduto na área de crédito, o banco tem investido em frentes como a expansão da base de correntistas, especialmente os de maior renda, e em se consolidar como a conta principal dos clientes.

Essa abordagem abre oportunidades para impulsionar as vendas cruzadas e reduzir os custos de captação de clientes. E, para os analistas, as aquisições feitas nos últimos dois anos, da Mosaico e da Mobiauto, foram essenciais para viabilizar essa estratégia, bastante orientada por uma pegada digital.

No caso da Mosaico, a percepção é de que o banco conseguiu criar um ecossistema “robusto” de varejo online atrelado a soluções financeiras. Já a aquisição da Mobiauto teria dado condições para que o Pan melhorasse seu negócio de financiamento de automóveis para consumidores e concessionárias.

“Por meio dessas aquisições recentes, o Pan criou novos fluxos de receita que foram fundamentais para impulsionar o crescimento das receitas de taxas e para diversificar a sua distribuição”, escrevem os analistas Flavio Yoshida, Mario Pierry, Antonio Ruette e Ernesto Gabilondo.

Dentro dessa ótica, um dos esforços recentes destacados foi a integração de todos os produtos e serviços em um único aplicativo, com melhorias “significativas” nos últimos 12 meses. Em particular, na oferta de crédito digital, classificada como fundamental para a nova fase da operação.

Nesse passo, o quarteto entende que o banco está no caminho certo para crescer e melhorar sua rentabilidade. O que se traduz na projeção de um retorno sobre patrimônio líquido (ROE) de 17,6%, em 2026, ante 11,5%, em 2022. E em um crescimento médio anual de 23% do lucro líquido nesse intervalo.

Em outro ponto, o BofA ressalta que o Pan registrou um crescimento médio de 67% em sua base de clientes nos últimos três anos, chegando a um volume de 26 milhões de correntistas. E que, embora esse ritmo tenha desacelerado nos últimos balanços, o banco tem mantido uma média de cerca de 1 milhão de usuários adicionados por trimestre.

“Acreditamos que isso seja positivo para o Pan, já que o número de usuários ativos de bancos digitais no país tem se mantido relativamente estável ao longo do último ano. Isso significa que o Pan está ganhando mercado em um mercado saturado”, observam os analistas.

Por volta das 12h30, as ações do Banco Pan estavam sendo negociadas com alta de 0,63%, a R$ 7,93. No acumulado de 2023, os papéis registram alta de 30,8%. O banco está avaliado em R$ 10 bilhões.