No que depender da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os executivos envolvidos no caso Americanas não terão vida fácil nos próximos meses. Em evento do BTG Pactual realizado na terça-feira, 14 de fevereiro, o presidente da autarquia, João Pedro Nascimento, deu indicações de que a CVM não vai poupar esforços para responsabilizar quem comete atos ilícitos no mercado de capitais.

Embora não tenha citado em nenhum momento o caso específico da “Americanas”, todo o contexto envolvendo a rede varejista são um indicativo de que Nascimento estava se referindo à revelação das inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões da empresa que se transformaram num pedido de recuperação judicial de mais de R$ 40 bilhões.

“Estamos lidando com um caso que testou a estrutura de freios e contrapesos do mercado de capitais”, afirmou Nascimento. “É um caso gravíssimo.”

Frente a isso, o executivo afirmou que a autarquia “não vai poupar esforços para responsabilizar cada um dos responsáveis pelos acontecimentos”.

Na prática, a CVM está dando prioridade ao assunto e já destacou uma força-tarefa dedicada ao caso. A investigação está sendo realizada pela área técnica do órgão.

Na quarta-feira, 8 de fevereiro, a CVM abriu quatro novos processos para apurar irregularidades e denúncias envolvendo a varejista. Com isso, a autarquia já soma dez processos e dois inquéritos abertos.

Além da Americanas, o órgão também vai analisar a atuação das auditorias independentes PwC e KPMG na varejista.

A CVM pretende apurar indícios de fraude contábil e de atuação irregular de agentes internos da Americanas. Dias após o caso vir à tona, o NeoFeed reportou que um investidor pode ter lucrado consideravelmente com uma operação de put de 917 mil ações da varejista. O caso levantou suspeitas de negociação realizada a partir de informações privilegiadas.