Naquele que está sendo considerado um dos maiores processos judiciais relacionados à saúde pública dos Estados Unidos, a 3M fechou um acordo para pagar até US$ 10,3 bilhões para encerrar ações em que os chamados “produtos químicos eternos” são acusados de poluir água potável em diversas cidades do país nas últimas décadas.

O acordo, anunciado pela companhia na noite de quinta-feira, 22 de junho, prevê que o montante seja destinado ao longo de 13 anos para cidades e seus sistemas de tratamento de águas que detectaram contaminação da água potável por substâncias per e porlifluoroalquil, os PFAS.

A 3M destacou que o acordo não representa uma admissão de culpa e que ele ainda precisa ser aprovado pela Justiça. A empresa informou ainda que o montante terá um impacto nos resultados do segundo trimestre.

Apelidados de “produtos químicos eternos” por não se decomporem no ambiente, os PFAS estão presentes em uma série de produtos por conta de suas propriedades antiaderentes, impermeáveis e resistentes a manchas. Desde a década de 1940, a 3M produziu e utilizou essas substâncias em uma série de produtos, incluindo uma espuma utilizada no combate a incêndios e que era o principal alvo dos processos.

A 3M anunciou o acordo quase três semanas após um juiz adiar um julgamento, marcado para o início deste mês, em que a cidade de Stuart, na Flórida, acusava a empresa e a espuma de poluir o solo e as águas subterrâneas locais.

Centenas de municípios, de Filadélfia a San Diego, alegavam que os PFAS na espuma para combate a incêndios contaminou a água potável, processando a 3M e outras companhias para arcar com os custos relacionados à instalação de sistemas de tratamento.

Se o acordo for aceito pela Justiça, a indenização de US$ 10,3 bilhões estará entre as maiores já pagas por empresas em processos nos Estados Unidos.

Um levantamento feito pelo The Wall Street Journal mostra que o montante é o sétimo maior já acertado. Em primeiro lugar estão os US$ 206 bilhões pagos pelas quatro maiores empresas de tabaco dos Estados Unidos – Philip Morris, RJ Reynolds, Brown & Williamson e Lorillard –, em 1998, a 46 estados para encerrar processos relativos aos efeitos do cigarro sobre os custos do setor de saúde público.

Por receio de processos, muitas companhias vêm buscando alternativas para os PFAS, utilizados em produtos como cosméticos e semicondutores, visando conter as consequências jurídicas pelo uso desses produtos por décadas.

No começo do mês, três companhias que compunham a DuPont – Chemours, DuPont, and Corteva – anunciaram um acordo para pagar US$ 1,2 bilhão para encerrar processos sobre alegações de poluição por PFAS nos Estados Unidos.

Por volta do meio-dia, as ações da 3M subiam 0,55% em Nova York, a US$ 100,98. No ano, elas acumulam queda de 15,8%, levando o valor de mercado da empresa a US$ 56,6 bilhões.