O Patria Investimentos voltou às compras para se expandir em real estate, anunciando nesta quinta-feira, 11 de dezembro, a aquisição da área de fundos listados da RBR Asset.

A transação, cujos termos financeiros não foram divulgados, prevê a transferência de 12 fundos imobiliários (FIIs), adicionando ao Patria cerca de R$ 8 bilhões em ativos sob gestão (AuM) dos R$ 12 bilhões que a RBR possui.

Após a operação, a área de real estate do Patria passará a contar com R$ 38 bilhões em AuM, com o grupo ficando R$ 272 bilhões sob gestão, reforçando sua oferta e se consolidando como maior gestora de FIIs do Brasil.

“Ter uma posição de liderança sempre foi uma preocupação nossa, não apenas pelo benefício ao cotista, mas também em termos de disputa de mercado e sobrevivência”, afirma Rodrigo Abbud, sócio e head de real estate do Patria no Brasil, ao NeoFeed. “Sempre entendemos que precisávamos ser grandes para estar no radar dos grandes distribuidores, inquilinos e parceiros.”

O acordo prevê a cisão da RBR, com o Patria incorporando a parte da gestora que administra esses 12 fundos, sem transferência de pessoal. A expectativa é que o processo leve cerca de 30 dias, já que não precisa de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

As conversas começaram há dois meses, uma operação em formato diferente da que a RBR buscava no passado, quando pretendia receber um sócio estratégico. Na época, o Patria estava entre os interessados, assim como Vinci e SPX, conforme revelou o NeoFeed na época, mas a RBR desistiu do processo após receber propostas que não a agradaram.

Abbud diz que o portfólio da RBR complementa a oferta do Patria, composta por 20 fundos listados, principalmente na área de crédito, até então menor na gestora. A casa possui 16 fundos de tijolo e seis de papel, somando um patrimônio líquido de R$ 6,4 bilhões. Cerca de 60% do pacote da RBR é formado por fundos de papel.

“Crédito sempre foi uma questão interna, porque tínhamos grande concentração em tijolo”, afirma Abbud. “Com esse volume da RBR, o desbalanceamento diminui. Dos R$ 38 bilhões, passamos a ter cerca de 34% em crédito imobiliário.”

Com os fundos em mãos, o Patria pretende unir estruturas com estratégias semelhantes, como está ocorrendo no Patria Log (HGLG11), que pretende incorporar LVBI11 e adquirir os fundos do PATL11. A ideia é não ter uma prateleira com 32 fundos. “Vemos sinergias grandes e capacidade de gerar bons veículos, grandes veículos, em diferentes setores”, afirma Abbud.

Rodrigo Abbud, sócio e head de real estate do Patria no Brasil

Para a RBR, a operação representa adaptação à realidade do mercado de FIIs, mantendo a independência, prioridade da casa quando estava buscando um sócio estratégico. 

“A indústria mudou muito e o futuro passa por poucos e grandes fundos, como ocorre com os REITs nos Estados Unidos”, diz Ricardo Almendra, fundador e CEO da RBR Asset. “Fomos bastante abordados nos últimos cinco anos para vender a empresa, mas sempre desejamos permanecer independentes.”

Agora, com R$ 4 bilhões sob gestão — R$ 3 bilhões em real estate e R$ 1 bilhão em infraestrutura —, a RBR reforça seu balanço, investindo em pessoas e colocando capital próprio em novos fundos. “Com a venda, teremos liquidez para investir como sócios nos fundos”, afirma Almendra.

Segundo ele, a casa deve se concentrar em fundos para o público institucional e private, mas o acordo com o Patria não impõe restrições caso queira voltar a ter fundos listados.

Entre as operações recentes da RBR está um fundo de desenvolvimento logístico com a Itaú Asset para dois galpões em São Paulo. A casa também levantou um fundo de crédito de R$ 500 milhões, com planos de captar mais R$ 300 milhões, além de negociar a compra de oito prédios multifamily nos Estados Unidos.

Antes desta venda, a RBR já havia negociado ativos de logística — cerca de 250 mil metros quadrados de galpões locados e outros 200 mil em entrega — para o fundo XPLG11, da XP Asset, em junho.

O Patria vem apostando em M&As para crescer. Neste ano, adquiriu a Vectis Gestão de Recursos e a unidade de FIIs da Genial, operação que adicionou R$ 2,5 bilhões. Antes, comprou a VBI Real Estate e a Credit Suisse Hedging Griffo.

Quando incorporou os fundos da Genial, Abbud afirmou que não havia necessidade de novas aquisições. Mas a possibilidade de absorver parte do portfólio da RBR prevaleceu. Desta vez, porém, as compras devem ser pausadas.

“Temos que focar no crescimento orgânico e na organização da casa. Não vemos outras gestoras desse porte no mercado para adquirir”, conclui Abbud.

A RBR contou com assessoria do Santander.