O Pátria está entrando no mercado de varejo com a compra da rede Atakarejo, que tem 28 unidades na Bahia, em um negócio estimado na casa dos R$ 700 milhões.

A Atakarejo é a sexta maior rede de atacarejo do País e a maior da Bahia. No ano passado, obteve um faturamento de aproximadamente R$ 4 bilhões e foi fundada por Teobaldo Costa, que seguirá à frente do negócio. A transação precisa ainda ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

"O segmento de atacarejo é muito interessante e têm tido um crescimento de dois dígitos robustos nos últimos anos", diz Luiz Cruz, sócio responsável pelos novos investimentos de private equity no Brasil do Pátria, ao NeoFeed.

Os recursos que o Pátria está aportando no Atakarejo, via o seu sétimo fundo de private equity, serão usados na expansão orgânica da rede, bem como no pagamento de dívidas de curto prazo.

Hoje, de acordo com Cruz, a rede tem uma dívida na casa de duas vezes o seu Ebitda. "O nosso plano é deixar essa dívida bem menor do que uma vez", afirma o sócio do Pátria.

Na transação, o fundador Teobaldo Costa, que ficará ainda com uma participação relevante de 44% da Atakarejo, está recebendo um valor secundário, cujo número não foi divulgado.

O plano do Pátria é crescer organicamente no atacarejo, embora aquisições não estejam descartadas. Em até cinco anos, a ideia é abrir 50 lojas, triplicando o tamanho atual da Atakarejo.

As 28 lojas estão concentradas na região metropolitana de Salvador. "Há uma grande oportunidade de crescimento ainda na Bahia", diz Marco Ambrosano, que é operating partner do Pátria e responsável pelo varejo na gestora. O Pátria enxerga, no entanto, que há espaço para crescer no interior do Estado, bem como em outros Estados do Nordeste.

Além do dinheiro para o crescimento orgânico, o Pátria vai contribuir na gestão e governança da empresa. Ambrosano, que já atuou no Walmart e foi presidente do Makro, está ajudando também na montagem de uma equipe de executivos para o Atakarejo.

Flávio Borges, que foi CFO do Tenda Atacado, por exemplo, vai assumir a área financeira do Atakarejo. O Pátria também vai levar outros executivos para a rede que acaba de adquirir.

A compra do controle da Atakarejo marca a estreia do Pátria no segmento de atacarejo, informação que foi publicada em primeirão mão pelo site BP Money. A gestora, que tem R$ 140 bilhões de ativos sob gestão, está reforçando sua aposta no varejo alimentar, mas em uma tese diferente.

Através da holding SMR, o Pátria está montando uma rede de supermercados regionais. Nesta tese, a gestora já comprou o Avenida Supermercados, do interior de São Paulo; a rede Superão, de Guarapuava (SC), o Supermercados Germânia, de São Bento do Sul (SC); e Boa Supermercados, de Jundiaí.

O atacarejo é um modelo de negócio que vem ganhando cada vez mais espaço no mercado ao combinar características do atacado e do varejo. Hoje já são mais de 2 mil lojas no país operando nesse modelo, segundo dados da Associação Brasileira dos Atacadistas de Autosserviço (Abaas).

As duas principais empresas da área são o Atacadão, do grupo Carrefour, e o Assaí, que passou por uma cisão do grupo Pão de Açúcar. No Nordeste, o nome forte é o grupo Mateus. De acordo com a Nielsen IQ, o setor registrou 25% de crescimento em 2022.