A Adobe desistiu do plano de comprar a Figma. Nesta segunda-feira, 18 de dezembro, a companhia americana informou ao mercado que está retirando a proposta de US$ 20 bilhões que fez, em setembro do ano passado, pela aquisição da startup de design.

A desistência do negócio ocorre semanas após órgãos reguladores do Reino Unido ligados às práticas antitruste alertarem que o M&A poderia ser prejudicial ao mercado. Com uma plataforma colaborativa de design virtual, a Figma é uma das principais concorrentes de softwares como Photoshop e Illustrator, ambos da Adobe.

No ano passado, quando a transação foi anunciada, a consultoria americana Slintel reportava que a Figma era a principal ferramenta de design utilizada pelos profissionais, com 31% de participação de mercado. Os softwares Premiere Pro CC e XD, ambos da Adobe, tinham fatias de 18,6% e 15,1% respectivamente.

CEO da Adobe, Shantanu Narayen afirmou que a companhia discorda do posicionamento dos órgãos. O executivo disse, contudo, que acredita que será melhor “que as companhias sigam caminhos separados daqui para frente”.

Sem o acordo, a Adobe terá que pagar uma multa de US$ 1 bilhão para a Figma pela quebra do contrato de aquisição. Por outro lado, a companhia deixa de comprar uma startup na qual estava pagando um múltiplo de 50 vezes a receita. No ano passado, a Adobe informou que esperava que a Figma fosse registrar receita anual recorrente de US$ 400 milhões.

A notícia é ruim para os investidores da startup que enxergavam nesta aquisição uma oportunidade de desinvestimento – e com um valor de mercado elevado.

Fundada em 2012 por Dylan Field e Evan Wallace, a Figma opera uma plataforma online que pode ser utilizada diretamente no navegador. A startup também permite através de sua tecnologia que as equipes possam manipular o mesmo arquivo de forma simultânea, o que acelera o processo de criação.

Desde que foi criada, a Figma já levantou mais de US$ 330 milhões junto a fundos como Index Ventures, Greylock Partners, Sequoia Capital e Andreessen Horowitz. Em junho de 2021, levantou o último round privado, de US$ 200 milhões. Na época, o negócio foi avaliado em US$ 10 bilhões.

Se a transação com a Adobe tivesse vingado, o The Information informava que a Index Ventures seria a gestora que mais teria motivos para comemorar. A empresa de capital de risco entrou no negócio ainda na fase seed e tinha 13% das ações. Com a oferta de US$ 20 bilhões, esse percentual valia algo próximo de US$ 2,6 bilhões.

A Greylock Partners também detinha 13%, mas investiu na startup durante o round de série A. A Kleiner Perkins, por sua vez, investiu a partir da série B e tinha 10,5% das ações da Figma, o que equivale a US$ 2,1 bilhões. Sequoia Capital tinha 6% das ações – o equivalente a US$ 1,2 bilhão.

O mercado ainda não mostrou sinais de reação em relação ao fim do M&A. As ações da Adobe na Nasdaq estão andando de lado e a empresa está avaliada em US$ 266,2 bilhões.