Depois de abrirem as negociações na B3 em queda de mais de 7% e recuarem quase 11% durante toda a manhã, as ações da WEG despencavam 10% às 14h de quarta-feira, 30 de abril, cotadas a R$ 45,42, dando à empresa um valor de mercado de R$ 190,6 bilhões.
A reação bastante negativa do mercado veio na esteira da divulgação do balanço do primeiro trimestre de 2025 da fabricante catarinense. Divulgado na manhã de hoje, antes da abertura do mercado, o resultado trouxe números abaixo das estimativas do mercado.
Mesmo com um crescimento de 16,4%, para R$ 1,54 bilhão, o lucro líquido foi um dos pontos que desapontaram os investidores - o consenso medido pela Bloomberg era de R$ 1,7 bilhão. Assim como o Ebitda, que teve alta de 22,8%, para R$ 2,17 bilhões, e a margem Ebitda, que caiu 0,4 ponto percentual, para 21,6% (consenso esperava 22,1%).
Em outras linhas que vieram aquém das expectativas do mercado, a receita operacional líquida registrou um avanço de 25,5%, para R$ 10,07 bilhões. Já o retorno sobre o capital investido (ROIC), um dos principais indicadores da WEG, recuou 5,7 pontos percentuais, para 33,2%.
Em relatório, o J.P. Morgan ressaltou, entre outras questões, que o lucro líquido e a receita líquida vieram, respectivamente, 8% e 3% abaixo das suas projeções. Em relação ao consenso, a última linha do balanço ficou 10% abaixo do esperado.
Com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 66 para a ação, o banco também destacou que a margem bruta de 32,9% registrou o seu menor nível desde o terceiro trimestre de 2023 e ficou 0,8 ponto percentual abaixo das estimativas de seus analistas, que realçaram ainda outros pontos no resultado.
“A margem bruta foi de 32,9%, uma queda de 0,3 ponto percentual ano a ano, impulsionada por um mix pior, já que o negócio de geração solar pressionou a lucratividade, juntamente com custos de insumos mais altos, como o cobre”, escreveram, em relatório, os analistas do banco.
Na mesma linha, o Citi, com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 62 para a ação, citou que os indicadores vieram um pouco aquém das suas projeções, muito em função de uma piora no mix das receitas, juntamente com a pressão de custos, em especial, do aço, o que impactou as margens da operação.
Já a Ativa Research acrescentou outros componentes a esse caldeirão, ao ressaltar que o movimento de integração das aquisições da Marathon, Cemp e Rotor, que ainda operam com margens menores, foi outra questão a impactar linhas como o Ebitda.
Em teleconferência realizada na sequência da divulgação do balanço, André Rodrigues, CFO da WEG, ressaltou que o mix foi o grande vilão para a rentabilidade no trimestre. E que os projetos de energia solar, que mais do que dobraram no período e têm menores margens, trouxeram o maior impacto.
“Dá para dizer que esse é o efeito mais relevante”, afirmou o executivo, que também falou sobre outro ponto realçado pelos analistas: o crescimento de 36,6% nas despesas de vendas, gerais e administrativas, para R$ 1,2 bilhão.
“O principal motivador que tivemos foi, primeiro, a consolidação dos negócios da Marathon e da Volt (Electric Motor)”, observou. “Mas o aumento dos fretes, especialmente os internacionais, também contribuíram para o aumento dos gastos.”
Já no que diz respeito aos possíveis impactos para a WEG na trilha das tarifas impostas pelos Estados Unidos, o executivo ressaltou, em mais de uma oportunidade, que ainda é muito cedo para falar sobre esses efeitos. Mas ressaltou que, a princípio, a empresa não enxerga grandes sobressaltos nesse cenário.
“É sempre importante manter a atenção no cenário macro global e em possíveis volatilidades nos mercados que atuamos”, disse. “Mas entendemos que estamos muito bem posicionados nesse momento de incertezas e, até agora, não mudamos em nada o nosso planejamento estratégico.”