Com o processo de privatização da Sabesp ganhando tração, o BTG Pactual decidiu revisar o preço-alvo das ações da companhia de água e esgoto do estado de SP, passando de R$ 62 para R$ 80, reiterando a recomendação de compra.

A decisão ocorreu depois que o relatório favorável à proposta foi aprovado na quarta-feira, 22 de novembro, em reunião de comissões da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. A expectativa agora é de que a desestatização seja analisada em plenário nas primeiras semanas de dezembro.

Mas o preço-alvo pode ir além disso. Caso a privatização siga adiante, os analistas João Pimentel, Gisele Gushiken e Maria Resende avaliam que o valor das ações da Sabesp pode subir a R$ 88 em um primeiro momento.

Para isso ocorrer, além do fim do controle estatal, será preciso saber quais as consequências das mudanças na regulação sobre a composição das tarifas sendo discutidas e como isso afeta os planos de investimentos, diante dos planos de universalizar o acesso a água e esgoto no Estado até 2029.

“O potencial de uma Sabesp totalmente privatizada só será conhecido depois que tivermos mais clareza a respeito das propostas de mudanças na regulação”, diz trecho do relatório.

Junto com a privatização da Sabesp, o governo de Tarcísio de Freitas está propondo uma nova forma de reajuste das tarifas dos usuários e os critérios para o retorno da empresa. Ainda em discussão, a proposta prevê, em linhas gerais, que a tarifa incorporaria investimentos realizados, e não os que estão projetados, como ocorre atualmente.

Considerando o plano do governo de universalizar o acesso à água e esgoto até 2029, antes do previsto inicialmente, de 2033, com um investimento total previsto de R$ 66 bilhões, os analistas do BTG Pactual destacam a importância da privatização da Sabesp, para conciliar investimentos, remuneração adequada para a companhia e manter as tarifas sob relativo controle.

Pelos cálculos dos analistas do BTG Pactual, no modelo sendo discutido, as tarifas devem recuar cerca de 2% em 2025, primeiro ano pós-privatização, para depois subirem 4% em média ao ano no período de 2026 a 2028.

O cenário exclui o uso do Fundo de Apoio à Universalização do Saneamento no Estado de São Paulo (FAUSP), iniciativa do governo de São Paulo para destinar pelo menos 30% dos recursos obtidos com a venda de ações da Sabesp e parte do lucro da empresa para a redução das tarifas.

Com o uso de cerca de R$ 3,3 bilhões do fundo, os analistas estimam que a Sabesp pode ser recompensada pelos seus investimentos, com a tarifa caindo 1% em termos reais até o final de 2029, e cumprir com as expectativas de investimentos.

“Com um plano de capex agressivo e necessário para assegurar acesso a todos, as concessionárias, privadas ou públicas, precisam ser compensadas pelos investimentos”, diz outro trecho do relatório. “Por isso, a privatização é vital.”

Por volta das 13h24, as ações da Sabesp recuavam 0,16%, a R$ 67,63. No ano, elas acumulam alta de 18,3%, levando o valor de mercado da companhia a R$ 46 bilhões.