Quando foi privatizada, em julho de 2024, muitos investidores consideraram o investimento na companhia de saneamento Sabesp como uma "oportunidade única", pois o preço da ação oferecida era de R$ 67, enquanto o preço de tela, na época, estava em R$ 83.

Quase três meses depois, com o preço de tela na faixa dos R$ 90, a Sabesp ainda é uma oportunidade única, de acordo com o Goldman Sachs, que começou a cobertura da companhia de saneamento com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 134,30.

“Acreditamos que a Sabesp oferece uma oportunidade única para os investidores terem exposição ao setor de saneamento, considerando a escala da empresa, o espaço para redução de custos nos próximos anos com a privatização, a posição única da empresa para participar de leilões, mudanças regulatórias que trazem visibilidade sobre os retornos dos investimentos e um valuation atrativo, com taxa interna de retorno de 11,5%”, diz trecho do relatório assinado pelos analistas Bruno Amorim, Guilherme Bosso e Guilherme Costa Martins.

Segundo eles, uma das principais oportunidades para a Sabesp criar valor vem do corte da estrutura de custos. Os analistas veem gordura para ser cortada no quadro de funcionários e gastos com serviços, até com ganho de eficiência em frentes como energia, com a sugestão de investimentos em projetos de geração distribuída.

“No nosso cenário base, nós esperamos que a Sabesp feche a diferença de eficiência ante seus pares privados mais maduros, levando a uma redução real de despesas operacionais de cerca de 30% ao longo do primeiro ciclo de cinco anos”, diz outro trecho do relatório.

O ganho de eficiência também deve ser visto nos investimentos que a Sabesp deve fazer até 2029. Os novos contratos entre as companhias e os municípios preveem que a companhia deve gastar quase R$ 70 bilhões para avançar a infraestrutura de saneamento básico.

Para os analistas do Goldman Sachs, a combinação da experiência de engenharia da Sabesp com o conhecimento de alocação de capital da Equatorial, o acionista de referência da companhia desde a privatização, devem tornar o processo eficiente, com o atendimento das obrigações de universalização do atendimento.

Apesar dos gastos previstos nos próximos anos, os analistas do Goldman Sachs não esperam que a alavancagem financeira saia do controle. Eles estimam que a relação entre dívida líquida e Ebitda fique na casa de 2,2 vezes nos próximos anos, graças à ampliação das conexões e o crescimento das tarifas, resultado de mudanças regulatórias que diminuíram a discricionariedade dos reguladores no momento da imposição de tarifas.

Esse cenário deve fazer com que o Ebitda apresente uma taxa anual de crescimento composto (CAGR, na sigla em inglês) de 14% até 2030, de acordo com os analistas do Goldman Sachs. O dividend yield também deve ter uma boa evolução no período, dos atuais 2% para cerca de 13%.

Por volta das 12h30, as ações da Sabesp subiam 1,90%, na casa dos R$ 90. No ano, elas acumulam alta de 22,9%, levando o valor de mercado a R$ 61,9 bilhões.