A Rio Bravo anunciou nesta quarta-feira, 3 de dezembro, mais um passo para crescer em renda variável, classe de ativos que a gestora deixou de lado há quase sete anos em meio à onda de saques nos fundos de ações.

Após lançar um ETF em parceria com a Investo, a gestora cofundada por Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central (BC), reforçou sua prateleira de produtos com a incorporação do fundo Radix, que até então estava na 3R Investimentos. A intenção é que a renda variável volte a ser importante na estratégia da gestora, que administra mais de R$ 13 bilhões em ativos.

“Por conta dos ciclos econômicos e de investimentos, essa estratégia estava fora do foco, mas recentemente começamos a pensar em como voltar”, diz Evandro Buccini, sócio e diretor de investimentos líquidos da Rio Bravo, ao NeoFeed. “Lançamos o ETF, mas também estava nos planos ter um fundo ativo, e a oportunidade surgiu agora, com o Radix.”

O Radix, que passará a se chamar Rio Bravo Radix, é um fundo de ações long only de cunho fundamentalista, que investe em companhias com geração de caixa previsível, estrutura de capital eficiente e gestão de longo prazo, em linha com a filosofia da Rio Bravo.

O fundo é gerido por Rodrigo Boselli, que se torna sócio da Rio Bravo após cinco anos na 3R Investimentos, gestora pequena que conta com outros dois fundos de ações. Ele chega acompanhado de um analista de ações e novas contratações estão previstas.

Boselli é um velho conhecido da casa, tendo sido cliente da estratégia de ações há 20 anos. Formado em engenharia civil, iniciou a carreira na construção antes de abrir seu próprio clube de investimentos, origem do Radix.

Com patrimônio líquido de R$ 173,3 milhões, o fundo possui aplicação mínima de R$ 5 mil e liquidação em D+31. Cobra taxa de administração de 2% ao ano e taxa de performance de 20% sobre o que exceder o Ibovespa. O Radix registra retorno de 53,6% nos últimos 12 meses, contra 28,6% do Ibovespa. Desde o início, acumula 489,2%, acima dos 207,9% do índice da B3.

Buccini afirma que o Radix é o primeiro fundo de ações da Rio Bravo disponível para clientes externos em sete anos. A casa nunca esteve totalmente fora da renda variável, mantendo três produtos nessa classe, mas restritos a sócios e family and friends.

Evandro Buccini, sócio e diretor de investimentos líquidos da Rio Bravo

“Os fundos que temos seguem estratégias específicas para seus cotistas. O Radix chega com uma história de 12 anos, performance excelente e um gestor dedicado. A ideia é que ele ganhe o destaque que merece”, afirma.

Com a plataforma de renda variável completa, Buccini diz que o desafio agora é expandir os dois fundos. No caso do Radix, a expectativa é fechar o ano com PL entre R$ 300 milhões e R$ 350 milhões, algo que considera “realista”.

“Já temos boas conversas, inclusive com clientes institucionais, para crescer o fundo no curto prazo”, afirma. “O Radix já nasce grande dentro da Rio Bravo, considerando o momento do mercado de renda variável.”

A incorporação do Radix e o lançamento do ETF QLBR11 ocorrem em um momento em que o mercado aposta na recuperação da renda variável, impulsionada pela perspectiva de queda da Selic e pelos valuations baixos na Bolsa.

Os dados, porém, ainda mostram cenário negativo. Os fundos de ações locais tiveram perda líquida de R$ 900,3 milhões em outubro, acumulando resgates de R$ 21,5 bilhões no ano, segundo boletim da Anbima.

Buccini reforça que a estratégia da Rio Bravo é de longo prazo e que as lições dos últimos 20 anos mostram que a filosofia da casa e do Radix ajudam a enfrentar as turbulências da renda variável, atraindo investidores.