O momento parece inapropriado para o risco na bolsa de valores. Os dois primeiros pregões do mês de março mostram as preocupações dos investidores com a guerra comercial de Donald Trump e os problemas para a inflação ao se manter a economia americana aquecida - o anúncio do investimento de US$ 100 bilhões da TSMC no país não foi bem digerido.
Na segunda-feira, 3 de março, uma série de Exchange Traded Funds (ETFs) que tem a alavancagem como característica foram afetados pelo forte movimento de correção de várias ações. ProShares UltraPro QQQ (TQQQ), um ETF projetado para oferecer três vezes os retornos diários do Nasdaq 100, caiu mais de 6%.
E é nesse cenário de dias difíceis pela frente que a Quantify Funds, uma gestora de Nova York especializada em fundos de índice, está se preparando para listar 10 produtos baseados em derivativos nos próximos dias.
A estratégia da Quantify, que desenvolveu mais de 75 ETFs, é explorar a demanda dos day traders por apostas alavancadas em ações. Se o futuro indica que serão tempos de volatilidade, melhor para ETFs que buscam exposições em diferentes ações para ganhar com arbitragem.
Um desses novos produtos terá o ticker MUSK. A ideia de colocar como símbolo o empresário por trás de Tesla, SpaceX, Neuralink, X entre outras empresas é atrair os investidores de varejo que são amantes do estilo e das ideias de Elon Musk.
O ETF MUSK terá ações ligadas ao empresário contra "os inimigos", como Tesla e Nvidia. A alavancagem acontece da seguinte maneira: o investidor coloca US$ 1 e terá exposição de US$ 2. O produto busca o chamado alfa portátil, ou empilhamento de retorno, que se caracteriza por acumular um retorno de investimento sobre outro que gera mais de um dólar de exposição para cada dólar investido (em ativos descorrelacionados).
Esse tipo de investimento usa derivativos para obter exposição total ao mercado enquanto aloca o excesso de caixa em aplicações ativas.
O produto da Quantify tem uma dose maior de risco porque ambos os ativos - Tesla e Nvidia, no caso do ETF MUSK - são ações que passam por volatilidade. A ideia do chamado retorno empilhado, que beneficiou muitos gestores de grandes fortunas, é ter no seu componente um ativo de volatilidade baixa (chamado no mercado americano de baunilha).
A gestora de “ETFs apimentados” foi criada em julho de 2023. No quarto trimestre do ano passado, ela lançou o STKd 100% Bitcoin & 100% Gold ETF (BTGD). Nesse período, o ETF que arbitra criptomoeda com ouro tem retorno acumulado de 22,8%. Mas a gordura foi acumulada de outubro a dezembro de 2024. Neste ano, o produto cai 10,3%.
Além do MUSK, que terá o atual conselheiro sênior da Casa Branca como padrinho, a lista dos novos ETFs da Quantify incluem várias ações expostas a criptomoedas, como Coinbase e Strategy, contra as big techs como Meta e Amazon.
O mercado de ETFs que usam derivativos nos Estados Unidos não é pequeno. São US$ 86 bilhões em ativos americanos, com a grande maioria apostando em estratégias de ganhos.