A forte pressão global adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para implementar o que ele chama de ‘reindustrialização’ norte-americana parece estar surtindo efeito. Na segunda-feira, 3 de março, a gigante Taiwan Semicondutor Manufacturing Company (TSMC), de Taiwan, maior fabricante de chips do mundo, se comprometeu a investir US$ 100 bilhões no país.

O anúncio, feito por comunicado, será oficializado na reunião entre Trump e o CEO da TSMC, C.C. Wei, que detalharia como serão feitos os aportes nos Estados Unidos. A empresa, que produz chips para Apple, Intel e Nvidia, já havia anunciado planos de investir US$ 65 bilhões no país e construir três fábricas no estado de Arizona.

“Em 2020, graças ao apoio do presidente Trump, embarcamos em nossa jornada de estabelecer a fabricação avançada de chips nos Estados Unidos”, disse a TSMC à CNN, em comunicado.

Os investidores parecem não ter gostado da decisão da TSMC. Com valor de mercado de US$ 895,4 bilhões, a ação da fabricante de chips abriu as negociações na bolsa de valores na segunda, 3, em forte queda e acentuou as perdas para mais de 4,5% no fim do pregão.

Ainda que a Casa Branca não tenha confirmado o teor de reunião, a empresa demonstrou otimismo com a possibilidade de revelar os planos a Trump: “Estamos satisfeitos com a oportunidade de discutir nossa visão compartilhada para inovação e crescimento na indústria de semicondutores”.

O anúncio da companhia ocorre pouco mais de um mês após Trump dizer que taxaria a entrada de semicondutores produzidos fora dos Estados Unidos, o que afetaria os negócios da gigante taiwanesa.

“Em um futuro muito próximo, colocaremos tarifas sobre a produção estrangeira de chips, semicondutores e produtos farmacêuticos para devolver a produção desses bens essenciais aos Estados Unidos”, afirmou Trump durante discurso feito no Congresso no dia 27 de janeiro. Na ocasião, a gigante de Taiwan não se manifestou.

O presidente chegou a dizer que a alíquota poderia ser de 25%, mas, por enquanto, a iniciativa permaneceu no campo da retórica. As empresas de Taiwan respondem por 60% da produção mundial de chips.

Na prática, Trump quer reduzir essa soberania e garantir que as empresas façam investimentos no país. Durante o governo de Joe Biden, em 2022, foi criada a legislação Chips and Science Act, que destina US$ 52,7 bilhões em subsídios para produção e pesquisa de semicondutores.

Desde então, a TSMC já recebeu US$ 6,6 bilhões em incentivos para instalação de suas plantas industriais em território norte-americano. Hoje, a empresa tem uma unidade em operação e a segunda está prevista para 2028.

Mas Trump vinha defendendo que a taxação era o melhor caminho para proteger e fortalecer a indústria dos Estados Unidos. “Elas já têm bilhões de dólares. Não precisavam de dinheiro e sim de um incentivo que é de não querer pagar um imposto. Elas vão construir suas fábricas com seu próprio dinheiro”, disse, durante o evento no Congresso, em janeiro.

Outros investimentos bilionários

O anúncio da TSMC irá se juntar a outras promessas de aportes feitas por grandes companhias de tecnologia recentemente ao governo norte-americano.

Na semana passada, Trump ouviu do CEO da Apple, Tim Cook, os planos de investimentos de US$ 500 bilhões nos próximos quatro anos, que incluem a instalação de uma fábrica no Texas. Segundo o presidente, o executivo da big tech garantiu que a fabricação da Apple mudaria do México para os Estados Unidos.

Em janeiro, as gigantes Oracle, OpenAI e Softbank anunciaram que iriam criar uma nova empresa, chamada Stargate, para aumentar a infraestrutura em Inteligência Artificial nos Estados Unidos. O plano de investimentos também chega a US$ 500 bilhões.

Nesta terça-feira, 4 de fevereiro, entra em vigor a tarifa de importação de 25% sobre produtos do Canadá e México que entrarem nos Estados Unidos. Trump também anunciou, no fim de fevereiro, uma cobrança extra de 10% sobre as importações da China.

O presidente norte-americano também impôs uma tarifa global de 25% sobre as importações de aço e alumínio. A medida deverá entrar em vigor no dia 12 de março.