A crescente rivalidade entre a OpenAI e Elon Musk acaba de ganhar mais um capítulo. E o mais recente episódio dessa “disputa de bilionários” veio acompanhado por uma nova marca registrada pela empresa dona do ChatGPT.
Comandada por Sam Altman, a OpenAI concluiu uma rodada secundária na qual funcionários atuais e antigos da empresa venderam cerca de US$ 6,6 bilhões em ações para investidores como Thrive Capital, Softbank, Dragoneer Investment, MGX e T. Rowe Price, segundo a agência Bloomberg.
Com essa movimentação, a companhia alcançou um valuation de US$ 500 bilhões e tornou-se a startup mais valiosa do mundo, desbancando a SpaceX, uma das empresas do portfólio de Elon Musk, que, avaliada em US$ 400 bilhões, figurava até então no topo desse ranking.
A startup de Musk chegou a esse valuation há menos de um mês, quando também concluiu uma rodada de negociações de suas ações no mercado secundário. Antes dessa transação, a companhia estava avaliada em US$ 210 bilhões. No total, a empresa já captou US$ 11,8 bilhões.
A OpenAI, por sua vez, já levantou um total de US$ 71,4 bilhões desde que foi criada, em 2015, tendo, curiosamente, Musk como um de seus fundadores. O último aporte captado pela companhia havia sido em março. Liderado pelo Softbank, o investimento avaliou a empresa, na época, em US$ 300 bilhões.
Agora, o clube das startups mais bem avaliadas do globo reserva um espaço no pódio para a chinesa Byte Dance, dona do TikTok, com um valuation de US$ 220 bilhões. A quarta posição traz a americana Anthropic, outra “vedete” da inteligência artificial e rival da OpenAI, com US$ 183 bilhões.
No quinto lugar está a também chinesa Ant Group, controlada pelo Alibaba, com US$ 150 bilhões. Seguida pela indiana Reliance Retail e a americana Databricks, ambas com US$ 100 bilhões. China e EUA completam a lista, com Shein e Stripe, avaliadas, respectivamente, em US$ 66 bilhões e US$ 65 bilhões.
A rodada que coloca a OpenAI no topo dessa relação chega em um momento crucial para a empresa, que está em negociações com a Microsoft, uma das principais investidoras do seu captable, para se tornar uma empresa com fins lucrativos.
Diante desse contexto, a avaliação é de que a venda recente de ações pode contribuir com esse processo, com um incentivo para que os funcionários permaneçam na operação e recusem ofertas de rivais, dentro de uma disputa cada vez mais intensa por talentos no campo da inteligência artificial.
Nessa direção, o fato de a venda de ações ter resultado em um valor abaixo da meta inicial, de US$ 10,3 bilhões, segundo a rede americana CNBC, foi vista como um voto de confiança dos profissionais da casa nas perspectivas de longo prazo da OpenAI.
Em linha com esse otimismo, na semana passada, a Nvidia, outro ícone da inteligência artificial, anunciou um investimento de US$ 100 bilhões na companhia para construir data centers de IA com pelo menos 10 GW de seus sistemas, energia suficiente para oito milhões de residências.
Enquanto contabiliza essas marcas, em paralelo, a OpenAI lida com alguns desafios. Entre eles, os embates com Elon Musk. Em agosto deste ano, a xAI, a startup do bilionário no front da inteligência artificial, entrou com um processo contra a companhia e a Apple.
Na ação, registrada em um tribunal distrital do Texas, a startup acusa as duas companhias de juntarem forças para impedir e sufocar a concorrência.
“Esta é a história de dois monopolistas unindo forças para garantir seu domínio contínuo em um mundo rapidamente impulsionado pela tecnologia mais poderosa que a humanidade já criou: a inteligência artificial”, afirma a xAI no processo.
Os tribunais já tinham sido palco de um outro capítulo das rusgas entre Musk e a OpenAI. Em uma primeira ação, o empresário alegou que a companhia abandonou a missão de priorizar os benefícios da inteligência artificial para a humanidade para se centrar em seus ganhos.
O contra-ataque da OpenAI veio também com uma ação judicial, acusando o empresário de assédio. Nessa mesma linha, em fevereiro deste ano, Musk fez uma oferta “não solicitada” de US$ 97,4 bilhões para comprar a companhia liderada por Altman.
A proposta foi formalizada por Marc Toberoff, seu advogado. E foi recusada, ironicamente, por Sam Altman, cofundador e CEO da OpenAI, que recorreu ao X (antigo Twitter), também de propriedade de Musk, para responder à oferta.
“Não, obrigado, mas podemos comprar o Twitter por US$ 9,74 bilhões, se quiser”, disse ele. O valor destacado por Altman seria menos de um quarto dos US$ 44 bilhões pagos por Musk pela rede social em 2022.