Um furacão abalou a onda da inteligência artificial (IA) na segunda-feira, 27 de janeiro. A chinesa DeepSeek colocou em xeque a avalanche de recursos aplicados nessa tecnologia ao anunciar um modelo de IA com desempenho similar ao de empresas americanas, mas com custos bem menores.

No rastro dessa “tempestade”, quem mais acusou o golpe foi um dos nomes que, até aqui, mais surfaram esse hype. No mesmo dia, a americana Nvidia viu suas ações desabarem 17,5% na Nasdaq e perdeu US$ 600 bilhões em valor de mercado, na maior queda já registrada em um único pregão.

Curiosamente, naquela mesma data, a jornalista Cleo Abram publicou mais uma edição do programa Huge Conversations em seu canal no YouTube. O entrevistado? Jensen Huang, justamente o cofundador e CEO da Nvidia.

Gravado em 7 de janeiro, o podcast já registra quase meio milhão de visualizações. No programa, muito além da tormenta que viria a chacoalhar o mercado e sua empresa no curto prazo, Huang faz projeções para o futuro. Embaladas, claro, pela inteligência artificial.

“Os últimos 10 anos foram realmente sobre a ciência da inteligência artificial”, diz ele, em um dos trechos da entrevista. “Nos próximos 10 anos, teremos muita ciência de IA, mas os próximos 10 anos serão a ciência da aplicação da IA. A ciência fundamental versus a ciência da aplicação.”

Além de destacar a expectativa de grandes avanços no que chamou de “robótica humana” nos próximos cinco anos, Huang afirmou que a inteligência artificial se tornará onipresente, marcando presença em praticamente todos os setores da economia.

"A pesquisa aplicada, o lado da aplicação da IA agora se torna: como posso aplicar a IA à biologia digital? Como posso aplicar a IA à tecnologia climática? Como posso aplicar a IA à agricultura, à pesca, à robótica, ao transporte, otimizando a logística? Como posso aplicar a IA, você sabe, ao ensino?".

Como parte desse contexto, o CEO da Nivia também reservou tempo para dar conselhos à nova geração. No principal deles, disse que os jovens precisam aprender a usar essa tecnologia em suas diversas aplicações.

"Se eu fosse um estudante hoje, a primeira coisa que eu faria seria aprender IA", afirma Huang. "Como eu aprendo a interagir com o ChatGPT, com o Gemini Pro e com o Grok? Aprender a interagir com IA não é diferente de ser alguém que é realmente bom em fazer perguntas.”

Aos 61 anos, ele diz que, no caso da sua geração, a pergunta que precisou ser feita foi: “como usamos computadores para fazer melhor nosso trabalho?”. E destacou que a próxima geração deve questionar como usar a inteligência artificial para fazer melhor o seu trabalho.

Huang também ressalta que as pessoas precisam ver por si mesmas como a inteligência artificial reduziu as barreiras do conhecimento para compreender totalmente a amplitude das fronteiras dessa tecnologia.

"Se eu coloco um computador na frente de alguém que nunca usou um, não há chance de ele aprender a usar em um dia. E ainda assim com o ChatGPT, se você não sabe como usá-lo, tudo o que você precisa fazer é digitar: 'eu não sei como usar o ChatGPT, me diga'. E ele vai retornar e lhe dar alguns exemplos”.