Não é de hoje que, na contramão da costumeira euforia do mercado, o Itaú BBA mantém um pé atrás com a Apple. E não foi desta vez que a empresa da maçã conseguiu convencer os analistas do banco brasileiro de investimentos. Ao contrário.

A Apple anunciou os números do seu primeiro trimestre fiscal de 2025, encerrado em 28 de dezembro, na noite da quinta-feira, 30 de janeiro. E, na sequência, em relatório enviado a clientes, o Itaú BBA destacou o resultado como decepcionante e sua visão “cada vez mais pessimista” para a empresa.

“Mais uma vez, a Apple entregou um conjunto fraco de resultado e projeções”, escreveram os analistas Thiago Alves Kapulskis e Maria Clara Infantozzi. “No geral, a Apple continua sendo uma história pouco inspiradora para nós”.

A dupla manteve a recomendação neutra para o papel, mas elevou o preço-alvo de US$ 232 para US$ 254. No mercado, a reação inicial ao balanço foi mais favorável. As ações da Apple tiveram alta de mais de 3% no pré-market de sexta-feira, 31.

Para o Itaú BBA, o balanço veio em linha com as expectativas do mercado, em dados como a receita de US$ 124,3 bilhões, alta de 4%. Mas o banco observa que o guidance fornecido parece ter sido suficiente para reverter a queda nas ações registrada no pregão anterior à divulgação.

“Somando toda as projeções, nós chegamos a um crescimento de 4% no EBIT ano a ano para o próximo trimestre. Portanto, discordamos da reação otimista do mercado nas negociações no after hours”, aponta outro trecho do relatório.

O Itaú BBA também ressaltou a desaceleração das vendas do carro-chefe da Apple, o iPhone, cujas receitas caíram 1%, contra a estimativa de alta de 2% do banco. Bem como o recuo das vendas na China de 11% em base anual, ante uma projeção de crescimento de 1%.

Segundo os analistas, o aspecto positivo foi a expansão de 80 basis points (bps) da margem, para 29,2%, resultando e um lucro por ação de US$ 2,40. A boa notícia na visão do banco se esgota, porém, nessa linha e no crescimento da receita da companhia.

“Não há sinais do chamado “ciclo de substituição mais rápido” por vir e o ambiente competitivo da China parece difícil para a Apple”, observa a dupla, que, mesmo reconhecendo que os recursos de inteligência artificial possam impulsionar a Apple, encerra o relatório com um questionamento.

“O mercado continuará a dar um benefício implacável da dúvida a uma empresa que não mostra sinais de crescimento, carece de inovação em comparação com outras grandes empresas de tecnologia e que é negociada a um preço sobre lucro de 28,9 vezes?”

As ações da Apple estavam sendo negociadas com ligeira alta de 0,74% por volta das 13h55 (horário local) na Nasdaq, dando à empresa um valor de mercado de US$ 3,54 trilhões. Em 2025, os papéis acumulam, porém, uma queda de 5,8%.