Rubens Ometto era um dos principais nomes do encontro de líderes Comunitas, que aconteceu na manhã de sexta-feira, 26 de setembro, no shopping JK Iguatemi, em São Paulo, que reuniu líderes políticos e empresariais do Brasil.
Na semana que marcou a capitalização de R$ 10 bilhões da Cosan, o empresário falou pela primeira vez sobre a chegada dos novos sócios ao conglomerado com negócios em energia e agronegócio.
“O racional é a capitalização. São parceiros bons, que vão somar e trazer sinergia para nós”, diz Ometto, ao NeoFeed.
“A companhia continua com seus trabalhos, desenvolvimentos… Investindo e se organizando. São parceiros importantes”, complementa.
No domingo, 21 de setembro, BTG Pactual e Perfin lideraram um aumento de capital de R$ 10 bilhões na Cosan, valor que havia sido antecipado pelo NeoFeed.
A Aguassanta, o family office da família Ometto, também participou. Esse grupo, que soma R$ 7,25 bilhões, está fazendo um aporte a R$ 5 a ação. Os três firmaram um acordo de acionistas com duração de 20 anos.
Nas últimas semanas, o mercado dava como certo que o grupo de Ometto resolveria, primeiro, a situação da Raízen, a joint venture com a Shell que está em processo de desinvestimento para reduzir a sua alavancagem.
Na segunda semana de setembro, por exemplo, o CEO Marcelo Martins desembarcou em Londres para apresentar aos sócios da Shell as propostas de capitalização para a Raízen, que naquele momento eram de Mitsubishi e Mitsui.
Mas, segundo apurou o NeoFeed, a capitalização da Cosan estreitou as opções da Raízen e, neste momento, não há muitas alternativas na mesa.
Empresários ficam, políticos saem
No início do evento, Ometto, que integra o núcleo de governança do Comunitas, falou, ao lado da presidente da organização, Regina Esteves, sobre o caminho futuro do País, com uma governança que envolva poder público e iniciativa privada nas discussões.
Para o presidente do conselho de administração da Cosan, o setor produtivo precisa contribuir para que o Brasil avance em políticas públicas, o que inclui uma gestão mais eficiente das contas do governo.
“Antônio Ermírio de Moraes [presidente do grupo Votorantim, que morreu em 2014] dizia que não basta apenas fazer o cheque. Dar dinheiro é muito fácil. O que é importante é que você se dedicar e dar seu tempo para fazer com que as coisas aconteçam de uma maneira eficiente”, diz ele.
Ometto afirma que a classe empresarial não pode ser ignorada nesse debate, já que o cargo público é transitório, independentemente do espectro ideológico. “Nós, do setor privado, sabemos disso porque vivemos diariamente sob pressão de resultados. Por isso que entendo que só avançaremos com políticas se caminharmos juntos. Não é substituir o Estado e sim cooperar."
"Estamos acostumados a trocas de governo de tempos em tempos. Nosso trabalho é sempre estar perto desses políticos para indicar a direção que a gente acha ser certa", completa. "Vivemos um momento que pode ser ou não de troca de governo. Mas o nosso trabalho continua."
Regina Esteves falou também dos desafios de avançar em temas urgentes, como saúde e segurança pública. "Estamos entre as nações com maior número absoluto de homicídios. Investimos bastante em saúde, mas estamos entre os menos eficientes."
"Não são apenas estatísticas, mas refletem o quanto precisamos avançar. Nosso papel é ser a ponte entre o público e privado e trazer soluções que impactam a vida das pessoas", disse a presidente do Comunitas, grupo criado em 2000 para discutir propostas sobre agendas estratégicas do País.
O empresário José Roberto Marinho, do Grupo Globo e que integra o núcleo do Comunitas, também concorda com a necessidade de uma maior conexão entre empresários e líderes políticos.
"Precisamos todos ser protagonistas. Nosso papel precisa ser ativo. Há políticas inovadoras que estão sendo adotadas, mas essas lideranças não podem caminhar sozinhas. O Brasil só cresce quando sociedade, empresas e governo trabalham em sintonia", afirmou Marinho.