Sam Zell construiu um dos maiores impérios do setor imobiliário americano. Nos Estados Unidos, ele era conhecido como "grave-dancer" por sua preferência pelas propriedades subvalorizadas. No Brasil, ele demonstrou essa habilidade e teve participações em empresas do setor no mercado local.

Comunicado divulgado pela Equity Residential, empresa de investimento imobiliário que ele presidia, na quinta-feira, 18 de maio, informou que Sam Zell, aos 81 anos, faleceu de causa não revelada.

Nascido no estado de Illinois, nos Estados Unidos, o empresário, cujo nome verdadeiro era Shmuel Zielonka, começou sua carreira na década de 1960 no mercado imobiliário americano, tendo sido um dos responsáveis por popularizar a estrutura de Reits, equivalente a fundos imobiliários nos Estados Unidos, a partir da década de 1990.

Zell fundou a predecessora da Equity Residential, a Equity Group Investments, em 1968, dois anos depois de se formar na faculdade de direito da Universidade de Michigan, em parceria com um colega, Robert Lurie, que morreu em 1990.

Por meio da Equity Group Investments, ele se tornou um dos maiores proprietários de escritórios e prédios de apartamentos dos Estados Unidos ao longo dos anos, muitas delas com problemas financeiros, a ponto de ganhar o apelido de “o dançarino de túmulos”.

Ele também investiu em outras áreas, tendo um portfólio de estações de rádio, drogarias, estacionamentos e até na marca de bicicletas Schwinn. Segundo levantamento da revista Forbes, o patrimônio de Zell está atualmente na casa dos US$ 5,2 bilhões.

Em 2007, pouco antes da crise financeira, o empresário vendeu a Equity Office, que reunia seu portfólio de edifícios de escritórios, ao Blackstone, por US$ 39 bilhões, uma das maiores transações imobiliárias da história.

Sam Zell no Brasil

Zell também fez negócios no Brasil. Em 2011, ele investiu na empresa de locação de espaços para armazenagem GuardeAqui, em parceria com o Pátria Investimentos e o Morgan Stanley, ao ver que não havia esse tipo de serviço no País. Ele também já teve participação na Gafisa e na BR Malls.

"Foi um empresário e investidor à frente do seu tempo. Gerou muito valor por onde passou, inclusive com grandes investimentos no Brasil. A indústria brasileira de fundos de investimentos imobiliários, com sua trajetória de desenvolvimento em termos de governança, transparência e aproximação do investidor, agradece ao Sam", diz Gustavo Asdourian, sócio-fundador da Guardian Gestora.

Asdourian complementa: "O mercado de REITs nos Estados Unidos sempre foi um dos principais benchmarks para a indústria nacional desde o seus primeiros passos, e Sam Zell foi um dos grandes porta-vozes e defensores dessa era de REITs listados nos EUA".

Apesar do reconhecido tino para negócios, nem sempre as apostas de Zell deram certo. Um mês depois de vender seu portfólio de escritórios ao Blackstone, ele fechou uma aquisição alavancada de US$ 8,3 bilhões na Tribune Co., dona dos jornais Chicago Tribune e Los Angeles Times, do time de baseball Chicago Cubs, além de um portfólio de televisões e rádios regionais.

Mesmo implementando cortes, ajustes e a venda de ativos, além do fechamento do capital, em 2007, ele não conseguiu fazer o negócio deslanchar. E prejudicado pela crise financeira, a companhia entrou com um pedido de recuperação judicial em 2008. Ele acabou perdendo mais de US$ 300 milhões.

A situação não o impediu de seguir em frente. Sob sua administração, a Equity Residential atingiu a marca de US$ 31 bilhões em ativos imobiliários e um valor de mercado de US$ 24 bilhões, com ações listadas no S&P 500. Por volta das 13h42, elas caíam 0,80%, a US$ 61,06.