O Santander inaugurou a temporada de balanços do segundo trimestre dos grandes bancos listados na B3 na manhã desta quarta-feira, 24 de junho. E, na estreia desse “calendário”, deu sequência à agenda de retomada da sua operação, cujos primeiros sinais foram emitidos entre janeiro e março deste ano.

Entre outros números, o banco reportou um lucro líquido gerencial de R$ 3,3 bilhões no intervalo de abril a junho, alta de 44,3% sobre igual período de 2023 e de 10,3% na comparação com o número reportado no primeiro trimestre. As projeções de analistas apontavam para um lucro de R$ 3,2 bilhões.

“A operação está bastante encaixada, com o crescimento e o mix de negócios e segmentos na direção certa”, afirmou Mario Leão, CEO do Santander, a jornalistas nessa quarta-feira. “Não há mais um debate sobre construção e estratégia. Agora, estamos em um ano de execução.”

Como parte dessa orientação, depois de ressaltar as iniciativas em linhas como os clientes massificados e também os de alta renda em divulgações anteriores, dessa vez, o executivo abriu espaço para outras duas frentes. A primeira delas, em pessoa jurídica, as pequenas e médias empresas (PMEs).

“Nós precisávamos repaginar a forma como atendemos as PMEs, de um jeito muito mais ambicioso e mais próximo”, observou o CEO. “Agora, temos o tripé fundamental para poder dobrar de tamanho no segmento em alguns anos.”

Do discurso à prática, a reformulação para atender esse público envolveu, entre outras medidas, o uso mais intensivo de tecnologia, a construção de uma jornada digital mais completa e uma ampliação de 25% no time dedicado a esse segmento, além de outra abordagem.

“Nós tiramos os especialistas das lojas (agências) e colocamos eles na rua, com um atendimento por microrregiões e um raio de cobertura de poucos quilômetros”, disse Leão. “Com isso, na prática, ele vai fazer muito mais visitas e, inclusive, uma gestão melhor de risco desse cliente.”

No balanço do segundo trimestre, a carteira de crédito do Santander no segmento de PMEs registrou um volume de R$ 70,9 bilhões, o que representou um crescimento de 14%, comparado a igual período, há um ano, e de 3% sobre o primeiro trimestre de 2024.

Já o segundo destaque, em pessoa física, foi reservado ao segmento de cartões, um negócio que, conforme frisou Leão, vinha sendo reduzido e perdendo espaço no balanço do banco nos últimos dois anos.

“Estamos começando a falar de novo do negócio de cartões, que cresceu o dobro da velocidade”, afirmou. “Mas mais importante que o ritmo, estamos crescendo, principalmente, entre os correntistas, que já estão na base, o que traz um mix mais saudável”.

Segundo o Santander, hoje, 87% dos seus clientes em cartões são correntistas do banco, o que representa uma expansão de 13 pontos percentuais nos últimos três anos. No segundo trimestre, a base de clientes da área teve alta anual de 6%, enquanto o faturamento do segmento cresceu 16%.

Em outros números do balanço, o banco fechou o trimestre com uma margem financeira bruta de R$ 14,7 bilhões, um crescimento de 10,6% em base anual e um recuo de 0,3% em relação ao trimestre anterior. Já a margem com clientes avançou 3%, ano contra ano, e 0,2% trimestre contra trimestre, para R$ 14,4 bilhões.

A carteira de crédito do Santander no período veio no patamar de R$ 538,5 bilhões, um avanço anual de 7,9%. A inadimplência de 15 a 90 dias recuou 0,6% percentual, em base anual, para 3,5%, enquanto a inadimplência acima de 90 dias teve queda de 0,2 ponto percentual, para 3,2%.

Já as despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD) foi de R$ 5,8 bilhões, uma redução anual de 1,4% e trimestral de 2,4%. O banco reportou uma provisão adicional de R$ 1,93 bilhão, mas não informou o motivo por trás dessa linha.

Esse foi exatamente o mesmo valor contabilizado a partir de “parcerias estratégicas”, um escopo que inclui a joint venture com a Pluxee, de benefícios corporativos, formalizada oficialmente no período, além da venda de participação na Webmotors, realizada no segundo trimestre de 2023.

O retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE) ficou em 15,5% no período, uma evolução de 4,3 pontos percentuais sobre o índice de 11,2% registrado um ano antes e de 1,4% na comparação com o ROAE de 14,1% do primeiro trimestre de 2024.

O Santander também reportou uma receita de prestação de serviços e tarifas bancárias de R$ 5,1 bilhões entre abril e junho, o que representou um crescimento anual de 17,5 e trimestral de 6,1%. Nessa mesma base, as despesas gerais avançaram 4,6% e 0,3% no período, para R$ 6,3 bilhões.

Depois de abrirem as negociações na manhã dessa quarta em alta na B3, as units do Santander registravam uma ligeira queda de 0,07% por volta das 14h20, cotadas a R$ 28,29. No ano, as units têm uma desvalorização de 12,5%. O banco está avaliado em R$ 137,7 bilhões.