Após testar discretamente sua entrada no mercado de seguros para aparelhos celulares nos últimos seis meses, a EXA decidiu acelerar sua presença em um setor dominado por gigantes como Zurich e Porto Seguro.
Em um momento de alta nos furtos de celulares e crescimento das fraudes online, a companhia está apostando em uma abordagem tecnológica, criando uma vertical de seguros que alia inteligência artificial, tecnologia e cibersegurança.
“Os seguros são normalmente muito caros e, por isso, o brasileiro médio deixa de adquiri-los”, diz Laura Rocha Barros, sócia e vice-presidente da EXA, ao NeoFeed.
O mercado endereçável é gigantesco, estimado em mais de R$ 2,5 bilhões (dado de meados de 2024). De acordo com a Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg), menos de 5% dos 265 milhões de aparelhos celulares ativos no Brasil tinham cobertura de seguro. Em comparação, 30% dos carros brasileiros são segurados, segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).
Um dos motivos para essa baixa penetração é o custo elevado do seguro de celular. Os prêmios giram em torno de 20% do valor do aparelho. Seguros para iPhone, por exemplo, começam em torno de R$ 30 por mês. Para aparelhos Samsung, R$ 20. A EXA, por sua vez, quer se diferenciar com planos a partir de R$ 7,90 por mês.
O plano da EXA, que faz parte do grupo de cibersegurança FS Security, do empresário Alberto Leite, vai além do seguro tradicional oferecido pela maioria das empresas. Seus produtos incluem ferramentas que impedem o acesso de hackers e ladrões a dados sensíveis ou tornam o aparelho inutilizável após um furto.
Barros conta também que os softwares da companhia têm acesso a camadas profundas do celular e conseguem bloqueá-lo. Além disso, a proposta é combater fraudes associadas a transações feitas com o celular do segurado, como pagamentos por aproximação ou via Pix.
“Se alegarem que foi feito um Pix, consigo, através de geolocalização, dados de consumo, uso e comportamento, criar um algoritmo que diminui as chances de aquilo ser fraude”, diz Barros.
Para viabilizar seguros mais acessíveis e eficientes, a EXA utiliza inteligência artificial ao longo de toda a jornada do cliente — desde a segmentação de campanhas até a automação da análise de sinistros. “Customizo um produto que vai fazer sentido para o Guilherme ou para o Ciro”, diz Barros.
Com seis meses de operação, a vertical de seguros tem 3 milhões de usuários. O crescimento acelerado tem sido viabilizado por uma rede de parceiros que comercializam seus produtos. Um canal importante é a TIM, que detém cerca de 25% da EXA e tem a opção de aumentar sua fatia para 35%.
Mas a TIM não é o único canal da EXA, que nasceu em 2022 para criar softwares de segurança para celulares. São mais de 100 parceiros associados, atuando no varejo, no mercado de seguros, em telecom e em serviços de assistência.
Até o fim de junho, a companhia deve lançar uma cobertura específica para celulares usados, um mercado ainda pouco explorado. A estratégia será operar com um modelo de Limite Máximo de Indenização fixo. “É muito difícil precificar o seguro de um celular usado. Mas, com a nossa tecnologia, conseguimos isso”, afirma Barros.
Novos negócios
Além do seguro de celulares, a empresa quer ampliar sua atuação para outras frentes ainda neste ano. Um dos próximos produtos será um seguro cibernético voltado para pessoas físicas e pequenas empresas, com coberturas para perda de dados, sequestro de informações e comprometimento de redes sociais.
Hoje, esse tipo de proteção é comum em grandes corporações, mas ainda pouco acessível ao consumidor comum — algo que a EXA pretende transformar com uso intensivo de automação e IA.
Outro produto em desenvolvimento é o seguro viagem digital, que será integrado ao comportamento do usuário. A ideia é oferecer a proteção no momento em que ela fizer mais sentido, como ao detectar um roaming internacional.
“Se sei que você fez um roaming, por que não oferecer automaticamente um seguro viagem com as coberturas mais adequadas para ele?”, diz Barros. Segundo ela, o objetivo é tornar a experiência de contratação mais inteligente, personalizada e com menor atrito.
A FS Security, que faturou R$ 1,4 bilhão em 2024, captou R$ 160 milhões no ano passado por meio de títulos de dívida. O recurso está sendo usado no desenvolvimento de novas ferramentas e na ampliação do portfólio da EXA.
“Estamos focados em soluções proprietárias e em ampliar nosso market share, oferecendo produtos com mais penetração e relevância para o consumidor brasileiro”, afirma Barros.
Além de cibersegurança, o grupo FS Security anunciou, no ano passado, o plano de construir três data centers, um investimento estimado em R$ 1,8 bilhão que deve acontecer no prazo de três anos. O primeiro deles será no Ceará.