É possível competir contra a Shein? Um relatório recente divulgado pelo BTG Pactual aponta que, em alguns casos, roupas e acessórios da varejista chinesa podem custar menos da metade do cobrado por concorrentes brasileiras como Riachuelo, C&A e Renner.
O relatório compara uma cesta de oito produtos vendidos pela Shein, que inclui vestido, jeans, jaqueta, saia, suéter, camiseta, botas e bolsas, com os varejistas locais. No caso da chinesa, o preço é de R$ 648. Na Riachuelo, custa R$ 989. Na C&A, 990. E na Renner, R$ 1.089. A Shein, segundo essa simulação do BTG, é R$ 34,5% mais barata que a Riachuelo e C&A. E 40,5% do que a Renner.
Uma jeans, por exemplo, custa R$ 69 na Shein. Uma peça semelhante adquirida em lojas como Renner e C&A sairia por R$ 160. Na Riachuelo, R$ 140. Por outro lado, uma camiseta na Shein custa em média R$ 52. Nas empresas brasileiras o valor de uma peça semelhante sairia por no máximo R$ 40.
Para conseguir oferecer produtos abaixo do preço de mercado, a Shein se beneficia do fato de vender diretamente os produtos da China para os consumidores brasileiros em vez de importar os produtos e depois revendê-los no Brasil. Os consumidores se aproveitam da isenção de impostos para peças importadas de até US$ 50.
Nas últimas semanas circularam rumores de que o Ministério da Fazenda iria extinguir essa regra. No entanto, o governo brasileiro informou que iria manter a isenção e que passaria a fortalecer a fiscalização em cima de plataformas de e-commerce estrangeiras que se utilizam deste mecanismo.
Do lado da Shein, a companhia anunciou que iria iniciar a fabricação de seus produtos no Brasil. A meta é de que somente 20% das mercadorias comercializadas no país sejam importadas da China. Para isso, a empresa pretende investir US$ 150 milhões nos próximos três anos.
Ao fazer isso, o BTG Pactual considera que a Shein deve perder sua vantagem competitiva aos varejistas brasileiros, uma vez que terá que lidar com as mesmas condições destes em relação a produção e venda das mercadorias. A tendência é de que os preços dos produtos da varejista chinesa aumentem quando isso acontecer.
Os consumidores brasileiros já pagam caro pelos produtos da empresa. Em um cálculo do BTG considerando a paridade do poder de compra de cada mercado, uma cesta com produtos da Shein custaria US$ 138 ao consumidor nos Estados Unidos, US$ 291 no Brasil e US$ 338 no Chile.
Ainda assim, o Brasil é um mercado importante para a Shein. Nas estimativas do BTG, a companhia teve um GMV próximo de R$ 7 bilhões no ano passado. É um aumento considerável em relação aos R$ 2 bilhões que a companhia teve em 2021, segundo o banco brasileiro.