Fundador e CEO da Simpress, Vittorio Danesi gosta de dizer que a companhia de outsourcing de impressão controlada pela HP estava na hora e no lugar certo quando a Covid-19 ganhou status de pandemia, no início de 2020, e obrigou as empresas a adotarem, de uma hora para outra, o home office.
Poucos meses antes, o aluguel de PCs, dispositivos móveis e de automação havia reforçado o portfólio da companhia. E o resultado também foi rápido. Em cinco anos, a empresa saiu de um faturamento de R$ 650 milhões para R$ 1,7 bilhão, com uma fatia de 40% vinda dessas novas linhas de locação.
Em 2025, a Simpress projeta se aproximar do seu segundo bilhão, com um salto de 13,7%. E, para isso, está subindo a régua, com um investimento de R$ 750 milhões no ano - contra R$ 700 milhões, em 2024 - e o plano de avançar com suas ofertas mais recentes em uma nova avenida: o setor público.
“Quando se fala no setor público, especialmente na esfera federal e nos grandes estados, os volumes são monstruosos”, afirma Danesi, ao NeoFeed. “São contratos que, na iniciativa privada, você só replica nos quatro grandes bancos. E que podem mudar nosso ponteiro de forma bem relevante em 2025.”
A compra de ativos para locação responderá pela maior parte do aporte orçado para o ano. E a projeção de que uma parcela relevante deles será destinada a projetos públicos nasce da percepção de que, após uma fase inicial puxada pela iniciativa privada, chegou a vez dos governos começarem a girar essa roda.
“O setor público, por ser mais engessado e ter menos flexibilidade de rearranjo de orçamento, de capex para opex, é mais lento para entrar nesse modelo”, diz o CEO. “Mas é mais rápido para evoluir quando adota. E, desde 2024, temos visto muitos governos abraçando essa oferta.”
Danesi destaca que já existem grandes licitações no radar da empresa para 2025. Entre elas, do Poder Judiciário, do Banco do Brasil e de órgãos como o INSS. Ele ressalta, porém, que, apesar de projetos geralmente mais complexos, não houve necessidade de grandes investimentos para atender o setor.
A Simpress já tinha equipes dedicadas a governos em suas 16 filiais por conta dos contratos que mantinha com esses clientes em seu negócio mais tradicional - o aluguel de impressoras. Segundo o CEO, esse time, somado ao pessoal em campo, de serviços e manutenção, cobre “83% do PIB do País”.
Com a perspectiva de que o setor está, enfim, aberto a surfar essa onda também nos PCs, tablets e smartphones, ele aponta que o plano é manter o patamar atual de 30% de participação do setor público no faturamento da companhia. Agora, porém, migrando boa parte dessa fatia para essas outras linhas.
“Ainda estamos crescendo no legado de impressão, mesmo que suavemente, e, claro, mais acelerado nas novas ofertas”, diz o CEO. “E queremos seguir crescendo tanto no público como no privado, pois não vamos nos ancorar excessivamente num cliente ou em um setor.”
No detalhe dos números mais recentes da operação, o faturamento total da Simpress cresceu cerca de 13% em 2024. Enquanto o outsourcing de impressão avançou aproximadamente 10% no período, as demais linhas tiveram um salto, em média, entre 23% e 24%.
Outros indicadores ajudam a ilustrar o momento da companhia. A Simpress fechou o ano com 700 mil dispositivos sob gestão e 2,5 mil clientes ativos. Desse total, cerca de 780 já contratam também a locação de PCs, tablets, smartphones e automação (impressoras térmicas e coletores de dados).
Para se ter uma dimensão do espaço ocupado pela empresa, os dados mais recentes da consultoria IDC, relativos a 2023, mostram uma base de 350 mil PCs locados como serviço em companhias. Para 2026, a expectativa é de que esse mercado chegue a 700 mil equipamentos apenas nessa categoria.
Céu de brigadeiro ou tempestade?
Considerando PCs e as demais categorias, a disputa nesse mercado de locação de equipamentos de tecnologia envolve empresas como a Positivo Tecnologia, Voke e a operadora Vivo, além de nomes como a Arklok, companhia que recebeu um cheque – de valor não divulgado – da Vinci Partners, em 2022.
Entretanto, além dos concorrentes, Danesi enxerga um horizonte mais difícil diante do cenário macroeconômico. Especialmente com a combinação de juros elevados e variação cambial, dado que o setor e os equipamentos de tecnologia são fortemente atrelados ao dólar.
Segundo ele, isso refletiu em um “esfriamento” suave na demanda das empresas privadas a partir do segundo semestre de 2024. E que se mantém nesse início de 2025, o que só amplia a importância de equilibrar os pratos com os projetos estatais. Nesse contexto, ele faz, porém, uma ressalva.
“Nosso modelo funciona tanto com céu de brigadeiro como na tempestade”, observa. “A diferença é que, em momentos de um tsunami, não é só a área de tecnologia que precisa da gente, mas também, a área financeira. Então, estamos tranquilos com relação a 2025.”
Isso não significa que a empresa está parada. A Simpress está reforçando ainda sua aposta na linha de “sustentáveis”, composta por equipamentos seminovos e remanufaturados para locação. E que também está no centro da migração além da impressão, com foco em PCs e notebooks.
No próximo dia 10 de março, a companhia vai inaugurar uma unidade em São Paulo para expandir e centralizar essa operação, até então, dispersa em diferentes localidades. A produção de equipamentos sustentáveis seguirá, no entanto, no Simpress Service Center e Laboratório, também na capital paulista.
Com capacidade de customizar mais de 1,6 mil equipamentos e uma área de aproximadamente 5,5 mil metros quadrados, a nova unidade vai abrigar os dispositivos que retornam dos clientes, a expedição de sustentáveis e um laboratório para a personalização de produtos das linhas de PCs e Mobile.
“Eu costumo dizer que existe o Brasil com Z, que tem dinheiro e é uma parcela menor do País, e o Brasil com S, onde o cliente não precisa necessariamente da última tecnologia”, diz. “E fizemos essa ampliação prevendo que a demanda nesse segundo caso vai crescer exponencialmente nos próximos anos.”