O Grupo Softplan, uma empresa de SaaS na área de construção, jurídico e transformação digital, colocou novamente sua máquina de M&A para funcionar e fechou mais uma aquisição para a sua vertical de construção civil. É terceira transação este ano e a décima desde que passou a apostar também no crescimento inorgânico, em 2019.
A companhia anunciou na terça-feira, 22 de agosto, a compra da Construmarket, construtech que oferece soluções digitais, de software, conteúdo e inteligência voltados ao mercado da construção civil e facilities. Os termos financeiros da transação não foram divulgados.
A ideia não parar nesta operação. “Acredito que, até o final do ano, devemos fechar pelo menos mais uma transação e seguir no mesmo ritmo no ano que vem”, diz Eduardo Smith, CEO da Softplan, em entrevista exclusiva para o NeoFeed. “Nos próximos dois a três anos, queremos investir mais de R$ 500 milhões em aquisições.”
Utilizada por nomes como Cyrela, EzTec e Tecnisa, a Construmarket amplia o portfólio de negócios SaaS em construção civil da Softplan, que passa a cobrir 80% da cadeia de soluções para esse segmento.
No mercado há duas décadas, a Construmarket é um sonho antigo de aquisição da Softplan. As conversas para uma possível incorporação começaram dois anos atrás, ganhando tração há um ano.
Os executivos da Softplan viam na companhia uma forma de complementar e reforçar a oferta de produtos em construção em duas frentes. Uma delas é a gestão do processo de compra dos clientes, tema que Smith vê com muito espaço para ser melhorado via tecnologia.
“O processo de compra de insumos na construção é muito quebrado, com uma cadeia com muitos elos, o que faz com que o processo de aquisição dos materiais seja muito complexo”, afirma.
A segunda está relacionada à gestão e ao acompanhamento de obras, contando com uma ferramenta colaborativa para gestão de projetos de obra, permitindo que as diferentes partes numa obra possam ir atualizando as plantas, informando o que foi feito.
A Construmarket chega para fortalecer o ecossistema de softwares que a Softplan foi formando ao longo dos anos para o segmento de construção civil, com as compras das plataformas CV CRM, eCustos, Collabo, Prevision e Refera, as duas últimas adquiridas neste ano.
O segmento de construção da Softplan passa a ter agora com a Construmarket mais de 1,2 milhão de usuários em sua base, com mais de 210 mil obras digitalizadas e 12 mil construtoras, incorporadoras e escritórios de projetos atendidos pela companhia.
A expectativa é de que o segmento de construção represente o maior crescimento da companhia em 2023, que conta com duas outras verticais: inteligência legal, com soluções para o segmento jurídico; e transformação digital, com softwares voltados para eficiência operacional das companhias.
A projeção é de um faturamento de mais de R$ 200 milhões com a chegada da Construmarket. A projeção para a Softplan é de uma receita total de R$ 760 milhões, um aumento de 29,7% em relação a 2022.
Aquisições na prancheta
Para manter a máquina de M&As azeitada, a Softplan levantou, no final de 2022, R$ 130 milhões em sua primeira emissão de debêntures. Os recursos se juntaram ao caixa gerado pelas operações, que vinha sendo utilizado para as aquisições.
Desde que começou a comprar companhias, a empresa gastou cerca de R$ 400 milhões, considerando earn-out e opções de compra futura acertados em algumas das operações. Seis das dez empresas adquiridas foram para a unidade de construção.
Em relação a planos para um IPO, Smith diz que isso é algo para o longo prazo. No caso, a partir de 2025. Mas uma discussão permanente dentro da companhia é se ela continua crescendo com capital próprio ou busca um investidor para ajudar no plano dos R$ 500 milhões.
“O mercado privado está muito ativo e a nossa história tem chamado muita atenção e uma coisa que está ponderando é se deveria fazer uma captação no mercado privado para acelerar o processo de crescimento”, diz Smith.