No fim de maio deste ano, o empresário Elon Musk, o homem mais rico do mundo, esteve no Brasil em um evento com o presidente Jair Bolsonaro e empresários para discutir o uso da Starlink, sua empresa de satélites de baixa órbita, para levar internet a escolas da Amazônia.

Na ocasião, Musk, que é dono também da Tesla e da SpaceX, comemorou, através do Twitter, a parceria com o governo brasileiro, dizendo estar “superanimado por estar no Brasil para o lançamento da Starlink para 19 mil escolas desconectadas em áreas rurais e monitoramento ambiental da Amazônia.”

Mas, na época, foi criticado pelo fato de a Starlink ainda não oferecer cobertura à região amazônica. Essa barreira, ao que tudo indica, está prestar a deixar de existir, segundo o ministro das Comunicações, Fábio Faria.

Em uma conversa com jornalistas da qual o NeoFeed Participou, durante um seminário sobre 5G, em São Paulo, Faria disse que a Starlink estará apta a operar na Amazônia a partir de setembro. "O que faltava era a porta de entrada do sinal de satélite. Você precisa disso para receber o sinal. Um gateway deles consegue ter mil quilômetros de raio. Então, se colocar um em Manaus e outro em São Gabriel da Cachoeira, cobre a Amazônia inteira", disse o ministro.

Faria, no entanto, disse que para prestar o serviço às escolas, a Starlink teria realizar uma doação, porque não foi feita nenhuma licitação. Ele também não soube dizer quantas escolas poderiam ser beneficiadas com o serviço da empresa de Musk.

Sobre as imagens de monitoramento de satélites da Amazônia, o ministro das Comunicações afirmou também que isso depende de conversas com outros órgãos do governo. Essas imagens seriam complementares as que o governo já obtém de outras empresas.

Questionado por que Musk iria fazer uma doação ao governo brasileiro, Faria acredita que a maioria dos empresários está preocupada com a Amazônia e quer associar a sua imagem e a de sua empresa à preservação do meio ambiente. “É uma publicidade barata”, disse o ministro das Comunicações.

De acordo com ele, o governo federal está empenhado em conversar com todos que queiram ajudar a Amazônia. “Não é porque é de direita ou esquerda”, disse Faria. “Se o Leonardo DiCaprio quiser ajudar, vamos falar com ele.”

O ator americano Leonardo DiCaprio é um ativista ambiental e tem publicado, através do Twitter, críticas a política do meio ambiente do governo de Jair Bolsonaro em relação à Amazônia. O presidente brasileiro, por sua vez, usa a mesma rede social para responder o ator e defender sua política.

O presidente Jair Bolsonaro e o empresário Elon Musk, em encontro em maio, no Brasil

Faria também disse que até o fim do ano o governo pretende levar internet de alta velocidade a 12 mil escolas brasileiras. Cerca de 5 mil delas receberão o sinal via satélite e 7 mil através de pequenos provedores de internet. A velocidade deve ficar entre 20 Mbps e 30 Mbps (megabits por segundo).

Outro plano é começar a fazer um teste piloto em escolas que não têm energia elétrica. Neste caso, será preciso implantar placas solares. Faria estima que existem 5 mil escolas nessa situação. O ministro das Comunicações acredita que a Starlink poderia participar desse teste, assim como outras empresas de satélites. “Vamos convidar todas”, disse.

A Startlink é um projeto de satélites de baixa órbita para levar internet a áreas de difícil acesso. Segundo o site SpaceNow, já foram lançados 2.653 satélites. Deste total, 2,3 mil estão em operação a 550 quilômetros da Terra e ficam girando ao redor do globo terrestre. A meta de Musk é chegar a 4.425 em 2024.

Para efeito de comparação, um satélite geoestacionário fica a 36 mil quilômetros da Terra e, como o próprio nome indica, ele fica parado sobre um único ponto.