Em 2023, quando boa parte do varejo brasileiro cumpriu um trajeto tortuoso, a Track&Field manteve o seu ritmo de aberturas de lojas dos últimos anos ao acelerar o pace no quarto trimestre, com 17 inaugurações, e chegar a um total de 32 novas unidades no período.

Agora, com uma base total de 359 lojas próprias e franquias, a rede de varejo esportivo entende que é o momento de percorrer novas distâncias. A Track&Field está iniciando a corrida para a sua expansão internacional a partir da inauguração, já neste mês de março, de uma loja na cidade de Cascais, em Portugal, a primeira da rede fora do Brasil.

“Ainda temos muita oportunidade para avançar no Brasil”, afirma Fernando Tracanella, CEO da Track&Field, em entrevista exclusiva ao NeoFeed. “Mas temos que olhar para frente e, nesse sentido, a expansão internacional nos ajuda a ter um horizonte mais longo de crescimento orgânico.”

A loja que dá a largada a essa estratégia é uma franquia, que será gerenciada por um parceiro brasileiro, morador de Cascais e que já acumula uma boa bagagem no varejo. A unidade será instalada em um espaço de 84 metros quadrados e, a princípio, é o único ponto de venda no exterior previsto para 2024.

“Cascais tem muitos brasileiros e turistas e vai gerar uma exposição relevante para a marca, mas vamos dar um passo de cada vez”, diz Tracanella. “Em 2024, a ideia é testar e validar o resultado dessa loja. Mas estamos bem confiantes de que essa pode ser uma nova avenida de expansão, prioritariamente via franquias.”

Em uma prova de que essa ambição internacional tem fôlego para se converter em uma maratona, a loja em Cascais será acompanhada de outra oferta da Track&Field.

O plano é replicar, no exterior, o conceito de ecossistema que a rede vem construindo nos últimos anos no Brasil, com a oferta de plataformas digitais atreladas à rede física e a pegada de estimular a experimentação dos produtos da rede e a fidelização dos clientes.

Sob essa orientação, a varejista também está embarcando nessa estratégia a TFSports, sua plataforma de eventos e experiências. No Brasil, essa vertente encerrou 2023 com 588 mil usuários cadastrados, alta anual de 52%, além de uma base superior a 6 mil treinadores e mais de 2 mil eventos realizados.

No segundo semestre de 2023, a TFSports apoiou três torneios de beach tennis realizados em Cascais. E, agora, já nesse mês de março, começa a promover eventos da sua própria lavra na região.

Esse calendário tem sete eventos programados no mês, envolvendo modalidades como yoga, ginástica funcional, canoa havaiana e beach tennis. O destaque fica por conta do Festival TFSports, que será realizado entre os dias 22 e 24 de março.

No Brasil, expansão, reformas e omnichannel

Em paralelo, a Track&Field também vai reservar uma boa dose de energia para suas operações no Brasil. No País, uma das projeções é a manutenção do ritmo de inaugurações registrado nos últimos anos, na faixa de 30 a 40 lojas.

“Vamos ter um crescimento menos concentrado no Sudeste e mais pulverizado nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sul”, explica Tracanella. “E com maior foco em lojas de rua e em cidades de pequeno e médio porte, em média, de 200 mil, 300 mil habitantes, que tem custos de ocupação até mais atraentes.”

Embora não revele uma projeção, o CEO observa que esse plano de expansão também prevê uma aceleração nas inaugurações de unidades do TFC Food&Market, os cafés integrados às lojas da rede e cujo mix inclui produtos na categoria de mercearia.

“Ao mesmo tempo, estamos desenvolvendo o marketplace do TFC Food&Market, para comercializar alguns produtos que estamos vendo que tem tração nas lojas físicas”, diz Tracanella. “Não temos uma data específica ainda, mas essa plataforma será lançada muito provavelmente esse ano.”

Fernando Tracanella, CEO da Track&Field

Esse diálogo entre o físico e o digital também abrirá espaço para o avanço do tfmall, marketplace de artigos esportivos, como tênis e wearables. No quarto trimestre, a rede adicionou as marcas Head, New Balance e Polar à plataforma, que tem nove sellers no total, entre eles, Apple e Samsung.

Em um caminho inverso ao dos cafés, a rede está começando a incluir as ofertas desses sellers em seu projeto de vitrine infinita. Nesse conceito, os vendedores das lojas, na falta de um produto buscado pelo consumidor, mapeiam o item em uma unidade mais próxima e o cliente recebe, em casa, o pedido.

Em 2024, a Track&Field também vai acelerar as reformas de lojas, dentro do modelo batizado de Experience Store e baseado em recursos multicanal. A estratégia teve início em 2021 e, em 2023, envolveu 21 unidades repaginadas, chegando a 30% da base.

“Vamos dobrar esse volume em 2024, para 40 reformas”, diz Tracanella. “Temos visto um payback inferior a dois anos nesses projetos e essas unidades cresceram 34,9% em 2023, enquanto as vendas mesmas lojas avançaram 14,4% no período.”

Em outros números do balanço do período, divulgado na noite de quinta-feira, 7 de março, a rede encerrou o quarto trimestre de 2023 com um lucro líquido ajustado de R$ 37,2 milhões, alta de 4,9%. No ano, o indicador avançou 20,8%, para R$ 120,8 milhões.

Entre outubro e dezembro, a receita líquida cresceu 19,8%, para R$ 221,9 milhões. Já em 2023, o salto foi de 20,5%, para R$ 683,7 milhões. O Ebitda ajustado do trimestre foi de R$ 49,5 milhões, alta de 14,5% e, no ano, essa linha ficou em R$ 155,8 milhões, o que representou uma expansão de 23,5%.

O sell-out – volume total vendido ao consumidor final -, por sua vez, cresceu 20,1% no trimestre, para R$ 390,4 milhões, e 19,4% no ano, para R$ 1,2 bilhão. A varejista fechou 2023 com um caixa líquido de R$ 54,4 milhões.

As ações da Track&Field encerraram o pregão da quinta-feira, 7 de março, cotadas a R$ 13,40, alta de 4,04%. No ano, porém, os papéis acumulam uma desvalorização de 10,8%. A rede está avaliada em R$ 2,08 bilhões.