Este está sendo um ano agitado para o Twitter. No primeiro semestre, a empresa se viu envolvida em um processo fracassado de aquisição no por parte do empresário Elon Musk, o homem mais rico do mundo, dona da Tesla e da SpaceX, que ofereceu US$ 44 bilhões pela empresa.

Agora, a companhia está sendo acusada de enganar órgãos reguladores federais e o próprio conselho de administração da companhia. A denúncia foi feita por Peiter “Mudge” Zatko, ex-chefe de segurança da rede social.

De acordo com o Zatko, o Twitter violou termos firmados em um acordo com a Federal Trade Comission (FTC) ao mentir sobre possuir um plano de segurança efetivo para lidar contra possíveis ataques aos dados dos usuários que a companhia armazena em seus servidores. A rede social tem 238 milhões de usuários diários.

Zatko descreve o Twitter como uma empresa caótica, sem rumo, assediada por brigas internas e incapaz de proteger os dados de seus usuários. As queixas do ex-funcionário foram apresentadas para a FTC, para a Securities and Exchange Commission (SEC) e para o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e publicadas com exclusividade pelo The Washington Post.

Em seu relatório final sobre o Twitter feito após sua demissão, obtido pelo The Washington Post, Zatko diz que a empresa não apresentou com precisão algumas questões-chaves em relação a segurança da plataforma para o conselho de administração. De acordo com o documento, o Twitter tinha um software desatualizado e que carecia de medidas básicas de segurança.

Zatko também alega que mais da metade dos 500 mil servidores do Twitter operavam com softwares desatualizados, assim como cerca de 25% dos computadores dos funcionários da empresa, que estavam com as atualizações desabilitadas. O ex-chefe de segurança criticou ainda uma medida do Twitter em que, segundo ele, “quase todos os funcionários tinham acesso aos sistemas e dados”.

De acordo com o relatório, “a alta administração não tinha vontade de medir adequadamente a prevalência de contas de bots” porque “se medições precisas se tornassem públicas, isso prejudicaria a imagem e a avaliação da empresa”. Vale lembrar que a imprecisão em relação a quantidade de robôs na plataforma foi o motivo alegado por Musk para desistir da compra da rede social.

As denúncias também atingem o CEO Parag Agrawal. O executivo teria solicitado ao ex-chefe de segurança o fornecimento de documentos falsos ou enganosos. Zatko também diz que Agrawal mentiu quando escreveu, no dia 16 de maio em uma postagem na rede social, que o Twitter estava “fortemente incentivado a detectar e remover o máximo de spams possíveis, todos os dias”

Agrawal, por sua vez, afirma que Zatko era um "um ex-executivo do Twitter que foi demitido em janeiro de 2022 por liderança ineficaz e desempenho ruim". “Estamos revisando as alegações que foram publicadas, mas o que vimos até agora é uma narrativa falsa, repleta de inconsistências e imprecisões e apresentada sem contexto importante”, escreveu Agrawal, em um memorando obtido pela CNN.

No mercado, o Twitter já começa a sentir os danos causados pelas denúncias. As ações da companhia negociadas na Nasdaq estão com queda de 5,4% por vota das 15 horas. Avaliada em US$ 31,1 bilhões, o Twitter acumula queda de 15,8% no valor de suas ações desde o começo do ano.