A invasão de tropas russas à Ucrânia está fazendo com que algumas gigantes da tecnologia repensem seus negócios na Rússia. Nos últimos dias, empresas do Vale do Silício, como Apple, Airbnb, Google e Twitter, entre outras, anunciaram ações que limitam o acesso.

A Apple anunciou que iria interromper as vendas de seus produtos no país. Outra medida adotada pela companhia foi a remoção dos meios de comunicação estatal russos RT News e Sputnik News da App Store em todo o mundo, exceto na Rússia.

O Google adotou a mesma postura em relação aos veículos de comunicação russos com a Play Store, a loja de aplicativos para os dispositivos Android. Outra ação adotada pela empresa de Mountain View foi pausar todos os anúncios publicitários do Google veiculados na Rússia.

Neste segundo caso, a ação veio em resposta às acusações do Roskomnadzor, órgão de vigilância na internet da Rússia, de que o YouTube (que pertence ao Google) estaria desinformando os cidadãos russos sobre a invasão à Ucrânia.

Outra gigante da tecnologia, a Microsoft informou que todas as vendas de produtos e serviços da empresa na Rússia estão suspensas. Brad Smith, presidente da empresa de Redmond, ainda disse que “muitos aspectos de nossos negócios na Rússia estão em conformidade com as decisões de sanções governamentais”.

Na quinta-feira, 3 de março, foi a vez do Airbnb. A plataforma de hospedagem foi mais radical ao cortar totalmente as fontes de receita na região ao suspender as operações na Rússia e na Bielorrússia. A companhia também informou que iria oferecer casas temporárias para 100 mil refugiados que estivessem fugindo da Ucrânia.

Entre as gigantes das redes sociais, as ações parecem mais brandas. A Meta, empresa que comanda o Facebook e o Instagram, informou que espera permanecer online na Rússia para ajudar a combater a desinformação e a propaganda compartilhada na plataforma.

“Acreditamos que desligar nossos serviços silenciaria expressões importantes em um momento crucial”, escreveu Nick Clegg, vice-presidente de assuntos globais da Meta.

Também com uma operação que deve permanecer online, o Twitter afirmou que passou a rotular e limitar o alcance dos conteúdos públicos pela mídia estatal russa compartilhados na rede social. De acordo com a empresa, este tipo de interação cresceu nos últimos dias.

Nas empresas chinesas de tecnologia, o TikTok foi o único que se manifestou publicamente até o momento. A rede social que pertence à ByteDance, com sede em Pequim, tomou medidas parecidas com suas concorrentes ocidentais e informou que iria restringir o acesso ao RT News e ao Sputnik dentro da União Europeia.

Apelo ministerial

Coincidência ou não, algumas das medidas tomadas por algumas dessas empresas ocorrem após apelos públicos do vice-primeiro-ministro e ministro da transformação digital da Ucrânia, Mykhailo Fedorov para empresários e executivos de gigantes do setor de tecnologia.

O caso mais emblemático foi com Elon Musk, fundador das empresas Tesla e SpaceX.

“@elonmusk, enquanto você tenta colonizar Marte – a Rússia tenta ocupar a Ucrânia! Enquanto seus foguetes pousam com sucesso do espaço – os foguetes russos atacam civis ucranianos! Nós pedimos que você forneça à Ucrânia estações da Starlink e dirija-se aos russos sãos para se levantarem!”, escreveu Fedorov.

Fedorov referia-se à Starlink, unidade de internet de alta velocidade da SpaceX, a empresa de projetos aeroespaciais comandada pelo bilionário sul-africano. “O serviço Starlink agora está ativo na Ucrânia. Mais terminais a caminho”, afirmou Musk, no mesmo dia.

Entre as outras empresas com as quais Fedorov entrou em contato, os pedidos não foram todos aceitos – ao menos por enquanto.

A Microsoft, por exemplo, não suspendeu as contas russas e bielorussas da plataforma Xbox. Isso também não foi feito pela rival Sony, dona da plataforma PlayStation, e cobrada pelo ministro ucraniano.

Embora a Apple tenha tomado algumas ações, a companhia de Cupertino não bloqueou o acesso da loja de aplicativos App Store na Rússia. A ação impediria que novos aplicativos fossem baixados ou atualizados nos dispositivos que se encontram em território russo.