A plataforma Ações Garantem o Futuro foi criada há quatro anos para disseminar a estratégia de investimentos de Luiz Barsi Filho, o maior investidor individual da bolsa de valores no Brasil.

A ideia dos fundadores Louise Barsi, Felipe Ruiz e Fábio Baroni era oferecer cursos pela edtech para os interessados em replicar a carteira do bilionário que ficou conhecido por usar os dividendos das ações como previdência.

Agora a AGF, como a plataforma é conhecida, vai transformar a edtech em uma fintech - e com a bênção de Barsi. Conforme o NeoFeed apurou, a AGF está em negociações avançadas para que os usuários possam executar ordens de compra e venda de ações dentro da plataforma.

O modelo que deverá ser adotado é uma espécie de banking as a service (BaaS). A AGF confirma a informação, mas não fornece mais detalhes sobre o possível parceiro. A expectativa é colocar para rodar a fintech entre julho e agosto.

"Havia confusão se a plataforma AGF+ era uma corretora e se poderia executar as ordens. Agora, essa confusão não vai mais acontecer", afirma Louise Barsi.

A ideia dos sócios é que os usuários possam fazer a abertura de negociação de ativos com a marca AGF. Por esse motivo, eles descartam adotar um modelo multibroker, ou seja, instalar plug-ins de corretoras como XP, BTG, Inter, Nu Invest, entre outras.

“Isso será disponibilizado como opção para todos os usuários atuais do AGF+ sem custo adicional”, diz o sócio Felipe Ruiz. “Acreditamos que estaremos agregando valor à nossa plataforma sem a necessidade de precisar sair do nosso ecossistema para execução de ordens.”

Em um primeiro momento, a intenção é não fazer nenhum tipo de cobrança pela negociação de ações para os usuários da plataforma. A receita da AGF virá das assinaturas - R$ 899,90 no plano anual ou R$ 89,90 por mês - sem adicionais pela execução de ordens.

No futuro, com a evolução e o crescimento desse negócio, pode ser que algum tipo de taxa venha a ser cobrada ou mesmo embutida nos valores cobrados pelo uso da plataforma.

O objetivo é que o usuário mantenha-se conectado e sem precisar trocar de tela e abrir outras janelas ou aplicativos. Segundo os sócios, essa movimentação gera dificuldade de se manter fiel à jornada da renda passiva. “Não queremos que a pessoa desista da estratégia”, afirma Fábio Baroni.

Com a fintech, a AGF projeta ganhar fidelidade e funcionalidade na operação da carteira de ações, e encerrar o ano com 200 mil usuários ativos na plataforma.

"Vai ser muito bom para nós, em termos de retenção. O usuário passa a ser um cliente AGF. Não são poucas as vezes que novos usuários chegam atrás de cursos, conhecimento e dados, mas não têm conta em corretora", diz Louise.

Dividendo é renda

Dentro do universo dos cursos para se investir em renda variável, a AGF encontrou um nicho específico: encontrar ações que pagam bons dividendos.

Como grande bandeira dessa tese, a empresa buscou difundir o jeito de investir do Barsi, o investidor que, como um Warren Buffett à brasileira, conseguiu fazer na bolsa de valores a sua poupança para a aposentadoria.

Aos 84 anos, Barsi é conhecido por comprar ações de empresas que pagam bons dividendos. Normalmente são companhias sólidas, com receitas recorrentes e que não precisam mais de capital intensivo para crescer.

Na sua metodologia, conhecida como BESST, ele destaca os setores de bancos, energia, saneamento, seguros e telecom como os preferidos para quem quer viver de renda passiva. É esse tipo de conteúdo que o usuário encontra nos cursos da AGF, que são ministrados pela filha de Barsi, Louise, e os sócios Ruiz e Baroni.

Há dois anos, o ex-aluno Jean Melo, um cientista da computação sócio de uma empresa de infraestrutura em TI e segurança, questionou os fundadores por que não criar uma plataforma atrelada ao curso.

O modelo pensado por ele era simples: um sistema, semelhante a um agregador de carteira de ativos, que o usuário pudesse ter o controle das suas ações, o fluxo de dividendos e os objetivos para aposentadoria.

A sugestão foi aceita e Melo passou a ser sócio do negócio, trabalhando em todo o desenvolvimento da experiência do usuário para que as informações pudessem ficar claras e, principalmente, não fossem confundidas com as telas dos home brokers tradicionais.

Após o usuário parametrizar seus objetivos com os dividendos, por exemplo, uma tela “gameficada” indica quantas ações faltam para chegar até lá - eles trabalham com quantidade e não preço do papel.

Há separação entre ações previdenciárias e oportunidades. E um ranking com as empresas com o maior potencial, de acordo com o dividend yield, no momento.

“Somos os únicos a trazer a estratégia de investimento para consolidar a carteira, com o controle da jornada de investimentos pré-estabelecida”, diz Melo.

Com 50 funcionários, a AGF entra no mundo das fintechs sem abandonar o lado educacional. No segundo semestre do ano passado, a empresa montou, em parceria com o Grupo Primo, um MBA em value investing inspirado na Universidade de Columbia.

Reconhecido pelo ministério da educação (MEC), o curso tem 18 módulos e é ministrado por Louise, economista e analista CNPI. E recebeu o sugestivo nome de MBA Barsi.