Recentemente, o time de research do Itaú BBA responsável pela cobertura dos ativos listados de aço e mineração visitou as instalações do parque industrial da Gerdau localizado em Araçariguama, município paulista que fica a cerca de 50 quilômetros da capital do estado.

Como saldo da curta viagem, os analistas publicaram um relatório sobre a companhia nesta quinta-feira, 23 de março. O banco manteve a recomendação de outperform, mas reduziu o preço-alvo da ação de R$ 37 para R$ 34, em função do custo de capital mais elevado e das projeções de investimento.

O time do Itaú BBA voltou da visita com uma visão favorável para o grupo, a partir da percepção da melhora sequencial na produção e nos embarques da unidade. Essa análise também está ligada a outro destino, os Estados Unidos, onde o banco enxerga um momento sólido do grupo.

“Acreditamos que as operações da Gerdau na América do Norte provavelmente continuarão a se beneficiar da demanda resiliente dos setores industrial e não-residencial”, escrevem os analistas Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza, Marcelo Palhares e Barbara Soares.

O Itaú BBA destacou os “ventos favoráveis” do pacote trilionário de infraestrutura aprovado pelo Congresso americano em 2021. E que pode gerar uma demanda adicional de até cinco milhões de toneladas de aço no País a partir do segundo semestre de 2023.

O relatório também traz uma prévia do resultado da Gerdau no primeiro trimestre de 2023. Impulsionado pela melhora de indicadores nos Estados Unidos e no Brasil, o banco projeta um Ebtida “sequencialmente mais forte” de R$ 4,1 bilhões, alta de 13% sobre o quarto trimestre de 2022.

Na mesma base de comparação, a estimativa é de uma margem Ebitda de 29% nesse intervalo, contra o patamar de 28% registrado nos últimos três meses do ano passado, em função de fatores como a maior diluição de custos fixos.

Para os analistas, o resultado na América do Norte provavelmente irá se beneficiar de um crescimento de 17% nos volumes domésticos de aço. O que, por sua vez, mais do que compensará uma queda de 3% dos preços em dólares no trimestre. Já no Brasil, as perspectivas são um pouco menos otimistas.

“No Brasil, acreditamos que a demanda resiliente do mercado imobiliário de baixa renda e projetos potencialmente mais fortes relacionados à infraestrutura provavelmente serão mais do que compensados pelas fracas vendas no varejo e um setor imobiliário de média renda fraco”, observam os analistas.

Ao mesmo tempo, a expectativa é de que os volumes domésticos no Brasil cresçam 13% no trimestre, na esteira da melhor sazonalidade e de ganhos de market share. Para as exportações, o banco espera um aumento para 197 mil toneladas, abaixo das 300 mil toneladas do primeiro trimestre de 2022.

“Esperamos que a queda sequencial de 5% nos preços domésticos seja compensada pela maior diluição do custo fixo, o que provavelmente levará a margem no Brasil para 14% no primeiro trimestre de 2023, resultando em um Ebitda ligeiramente superior a R$ 1 bilhão”, destaca outro trecho do relatório.

Com projeções também para o ano consolidado, o banco cita o cenário macroeconômico desafiador do País e estima uma margem Ebitda de 15% na operação local, afetada por componentes como preços e volumes de aço domésticos mais baixos.

Em contrapartida, a nova estimativa do Itaú BBA para o Ebitda de 2023 é de R$ 15 bilhões, um crescimento de 7% em relação à projeção anterior do banco. A atualização é justificada pelo desempenho acima do esperado nos Estados Unidos, compensando o resultado mais fraco no Brasil.

As ações preferenciais da Gerdau estavam sendo negociadas com alta de 1,35% na B3 por volta das 11h15. No acumulado de 2023, os papéis registram uma desvalorização de 11,2%. A empresa está avaliada em R$ 42,6 bilhões.