Fabricante e distribuidora de materiais e medicamentos para hospitais, clínicas e laboratórios, a Viveo deu início a uma ampla reestruturação em 2024, após cumprir uma intensa onda de mais de 20 aquisições.

Já neste ano, após um longo período de ajustes, a companhia vem mostrando, pouco a pouco, sinais de melhora, a cada balanço trimestral. E essa trajetória está ganhando agora um voto de confiança do Santander.

Em relatório enviado a clientes, o banco elevou a recomendação da Viveo, de underperform (o equivalente a venda) para neutra, ressaltando sua crença de que o “pior já passou” e introduzindo um novo preço-alvo para a ação em 2026, de R$ 1,95, ante o patamar de R$ 2,10 para o fim de 2025.

“A Viveo vem apresentando importantes melhorias operacionais nos últimos trimestres, com recuperação de margem e melhoria na dinâmica do capital de giro”, escreveram os analistas Caio Moscardini e Eyzo Lima, ressaltando a expectativa de que a companhia siga esse percurso em 2026.

Nesse cenário, o Santander observou que, em 2025, a empresa tem priorizado contratos com melhor rentabilidade e geração de caixa, em detrimento do crescimento da receita bruta. O que vem se traduzindo em diversos ajustes, especialmente no segmento de hospitais e clínicas.

O banco entende que, com essa abordagem, a receita líquida pode recuar 2% nesse ano em relação a 2024. Mas enxerga um possível ponto de inflexão para que a receita bruta ganhe tração em 2026, com um crescimento de 6%, puxado pelos negócios de laboratórios/vacinas, varejo e serviços.

Para os analistas, esse crescimento da receita bruta, aliado ao aumento da eficiência em todos os negócios, deve seguir sustentando a trajetória de recuperação da margem Ebtida no próximo ano, com um avanço de 70 pontos-base em relação a 2025.

O Santander também aponta o fato de que a gestão da Viveo ainda vê espaço para melhorias no ciclo de caixa em 2026, a partir das renegociações de contratos restantes, que devem ser concluídas ao longo do ano.

Em contrapartida, o banco observa que a operação da Viveo ainda inspira cuidados, ao ressaltar que as preocupações com a história de recuperação e o desafio da desalavancagem da empresa ainda estão “na mesa”.

Nessa direção, os analistas destacaram que a companhia encerrou o terceiro trimestre com uma alavancagem de 4,17 vezes. Um patamar ainda distante do índice de 3,5 vezes que a empresa precisa entregar até junho de 2026 para cumprir as metas de covenants de sua dívida.

Entretanto, eles acrescentam que a Viveo pode se beneficiar do potencial ciclo de afrouxamento monetário e, por consequência, enfrentar menos pressão sobre o resultado final e a geração de caixa.

“Em resumo, vemos a combinação de melhor desempenho operacional e um ciclo de afrouxamento monetário mais fraco futuro como componentes-chave para o nosso upgrade na ação”, completaram os analistas.

As ações da Viveo registravam queda de 2,35% na B3 por volta das 17h20, cotadas a R$ 1,66 e dando à empresa um valor de mercado de R$ 524,2 milhões. No ano, os papéis têm uma desvalorização de 19%.