A Viveo vem sendo pressionada pelo mercado sobre a sua capacidade de gerar caixa, balancear sua dívida e gerir seu capital de giro. O balanço divulgado na noite de quarta-feira, 13 de novembro, mostra que a companhia começa a entregar uma operação redonda para os investidores.

Pelo segundo trimestre consecutivo, a companhia reporta uma geração positiva de caixa. A Viveo, que vinha tendo consumo de caixa em razão das 18 aquisições realizadas em cerca de 18 meses, gerou quase R$ 506,9 milhões de caixa livre no terceiro trimestre.

Nesse número é preciso descontar a antecipação de recebíveis feita pela Viveo entre julho e agosto. Mas, mesmo assim, a empresa fez, aproximadamente, R$ 130 milhões de caixa no período. No trimestre anterior havia sido R$ 313,8 milhões.

A dívida líquida da empresa foi reduzida em cerca de R$ 400 milhões, de R$ 2,5 bilhões para R$ 2,1 bilhões no terceiro trimestre do ano. A alavancagem ficou estável em 3,1 vezes a relação dívida líquida sobre Ebitda.

A receita líquida da Viveo totalizou R$ 2,95 bilhões, um aumento de 3,8% em relação ao terceiro trimestre do ano passado. O prejuízo ajustado no trimestre foi de R$ 55,8 milhões, ante lucro líquido ajustado de R$ 70,4 milhões no mesmo período de 2023.

No balanço, a Viveo fez uma baixa contábil de R$ 218,5 milhões, que não tem efeito caixa. Desse total, R$ 108,3 milhões é referente à perda de estoques. A empresa investiu cerca de R$ 20 milhões em tecnologia para unificar os estoques em um único sistema. Com isso, os 18 CNPJs diferentes passam a ser integrados pelas mesmas métricas e tipos de estimativas.

A outra parte da baixa contábil de R$ 110,2 milhões é pela provisão pela não recuperabilidade dos ativos (PDD). Essa decisão tem impacto pontual e não significa uma tendência de desempenho operacional.

O ajuste no balanço e nas operações devem ter efeito a partir do quarto trimestre, com a normalização das margens da companhia. E é esperada uma captura total desses processos no primeiro semestre de 2025.

Essa combinação é parte do plano que o CEO Leonardo Byrro apresentou aos analistas e investidores no segundo trimestre: otimização financeira e melhoria operacional com crescimento em negócios com melhor retorno sobre o capital.

Um dos pontos que apareceram em destaque no terceiro trimestre está ligada à cadeia de suprimentos. A Viveo reduziu a ruptura e a falta de produtos nos estoques, além de ter colocado sob controle a parte de compras e abastecimento nos centros de distribuição (CD).

A empresa está concentrando seus estoques em dois centros: Cajamar, em São Paulo, que recebeu R$ 40 milhões em investimentos para movimentar quatro milhões de volumes mensais, e Brasília.

A partir de janeiro, quando o CD da capital federal estará 100% operacional, todos os sistemas de gestão de estoques serão o mesmo. Anteriormente, o nível de controle e sofisticação estava disperso entre as várias adquiridas.

Entre as especialidades, o contrato assinado com a Allergan, fabricante do botox, no fim do primeiro semestre começou a dar resultados para a Viveo no terceiro trimestre. Houve um aumento de vendas e ganho de margens na vertical de dermatologia impulsionado pela toxina botulínica.

Na projeção da Viveo, a melhoria de eficiência e custo operacional devem começar a aparecer para o investidor no quarto trimestre. A integração dos centros de distribuição no primeiro trimestre de 2025. E a unificação das operações fabris no segundo trimestre do ano que vem.

Em agosto, a Viveo unificou oito companhias de seu portfólio (Famap, Nutrifica, Proinfusion, Life, Hospharma, Sollus, Aporte e Seven) sob a marca da Insuma, o que criou a maior farmácia de manipulação de soluções injetáveis estéreis da América Latina.

A ação VVEO3 está em queda de 83,4% no ano. Porém, desde 14 de outubro o papel engatou uma alta de 24,6%. A ação está sendo negociada na B3 a R$ 2,22. O valor de mercado da Viveo é de R$ 707 milhões.