Depois de um 2024 marcado por ajustes complexos, a Viveo começa a colher os resultados de seu plano de transformação. No terceiro trimestre de 2025, a companhia registrou a maior margem Ebitda dos últimos trimestres, um avanço de eficiência operacional e geração de caixa de R$ 167 milhões.

“Tudo aquilo que combinamos com os credores e investidores, como redução de despesas, melhoria de margem e foco em caixa, está se concretizando”, Leonardo Byrro, CEO da Viveo, disse ao NeoFeed. “O trimestre mostra que o plano saiu do papel e está refletido no resultado. É a materialização das prioridades traçadas no fim do ano passado.”

A Viveo encerrou o período com Ebitda ajustado de R$ 172,9 milhões, alta de 13,1% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, e margem de 6,1%, o maior patamar desde o início do ciclo de reestruturação.

A margem bruta também avançou, chegando a 14,7%, 1,4 ponto percentual acima do mesmo período do ano passado. Esse crescimento é reflexo da revisão de contratos e da seletividade comercial adotada nos últimos trimestres.

A alavancagem caiu para 4,17 vezes o Ebitda, o menor nível desde o quarto trimestre de 2024, em linha com a promessa feita aos bancos de seguir reduzindo o indicador trimestre a trimestre.

Segundo Byrro, a curva de desalavancagem continuará ao longo dos próximos períodos, sustentada por geração de caixa e pela priorização da rentabilidade sobre o crescimento acelerado que marcou os anos anteriores.

A receita líquida, de R$ 2,83 bilhões, recuou 3,8% em relação ao mesmo trimestre de 2024, um movimento que já tinha sido antecipado pela companhia.

“A retração faz parte do plano. Abrimos mão de contratos com rentabilidade ruim para garantir uma operação saudável e sustentável”, diz o CEO.

O lucro líquido atingiu R$ 226,9 milhões, revertendo o prejuízo do início do ano. O resultado foi influenciado pela reversão de provisões de R$ 314,6 milhões relacionadas ao Difal (cálculo de equilíbrio de arrecadação entre estados), após decisão favorável do Superior Tribunal Federal.

Para a Viveo, essa reversão encerra uma incerteza jurídica que pressionava o balanço desde 2022. Excluindo esse efeito não recorrente, o lucro líquido ajustado foi de R$ 42,4 milhões, também em alta.

“No fim do ano passado, falamos que estávamos fazendo ajustes não caixa e acreditávamos que isso não ia se materializar. Fizemos como mandava a norma, e parte daquele prejuízo que estava lançando sem efeito caixa estamos revertendo agora”, diz  Flávia Carvalho, diretora de RI e M&A da Viveo.

O trimestre consolidou ganhos em todas as linhas de negócio. Em hospitais e clínicas, houve melhora de margens mesmo com menor receita; os laboratórios e vacinas cresceram 17%, impulsionados por novos imunizantes; e o varejo avançou 6%, com destaque para as marcas próprias e a liderança da Cremer.

Nos serviços, a internalização da DF Log começou a trazer ganhos de eficiência em frete, a principal despesa individual da companhia.

Em 8 de outubro, a Viveo comunicou ao mercado que o fundo americano Perea Capital montou uma posição de 10% na empresa, após acompanhar a evolução operacional do negócio.

“É um investidor que mergulhou na operação e entendeu que o preço de tela ainda não reflete o que a companhia está entregando”, afirma Byrro.

Na B3, a ação VVEO3 acumula queda de 31,8% no ano. O valor de mercado da companhia é de R$ 441,7 milhões.